Fatores que impedem o controlo de pressão arterial discutidos no Congresso ESC 2015 766

Fatores que impedem o controlo de pressão arterial discutidos no Congresso ESC 2015

09 de Setembro de 2015

Apesar de a maioria dos doentes hipertensos da Europa estar a ser tratada, são muitos os que não estão a atingir o objetivo de uma pressão arterial inferior a 140/90 mmHg. Para melhorar o controlo da pressão arterial (PA), alguns países Europeus como a França e a Itália, bem como um projeto em Viena (Áustria), estão a promover iniciativas com vista a um melhor controlo da hipertensão. 

 

Durante o congresso ESC 2015, realizado em Londres no dia 29 de agosto de 2015, num simpósio que contou com o patrocínio da Daiichi Sankyo Europe e do Menarini Group, peritos debruçaram-se sobre as barreiras que obstam a taxas mais elevadas de controlo da PA.

 

Destacaram a fraca adesão e a inércia terapêutica como sendo os principais obstáculos. Um problema ainda mais agravado pelas deficiências no tratamento de doenças crónicas pelos sistemas de saúde. 

 

Na sua apresentação, o professor Jean-Jacques Mourad, do Hospital Universitário de Avicenne, em Bobigny (França), chamou a atenção para o facto de programas nacionais poderem ter um impacte na prevenção, no diagnóstico e no tratamento das doenças cardiovasculares. Com a ajuda do “Canadian Hypertension Education Program (CHEP, ou seja, programa Canadiano de educação sobre a hipertensão), o número de doentes cuja pressão arterial passou a estar enquadrada nos valores-alvo aumentou de 13,2 % (1992) para 64,6% (2009), o que resultou numa redução de 6% em morte por AVC e numa redução de 16 % no enfarte do miocárdio.

 

Seguindo o exemplo do Canadá, a França definiu como meta alcançar o controlo da PA em 70% dos doentes hipertensos sob tratamento até 2015 – uma percentagem que representaria um acréscimo superior a 20% por comparação com 2006/7. Esta grande iniciativa de saúde pública propõe um algoritmo de tratamento simplificado. 

 

Os resultados do inquérito PassAGE 2014, abrangendo um universo de 1.000 Clínicos Gerais, identificam as barreiras a um melhor controlo da hipertensão: segundo a avaliação dos próprios clínicos gerais, 69,6 % dos seus doentes estavam a cumprir o objetivo em termos de PA, quando, na realidade, apenas 54,4 % se inseriam estritamente na definição de controlo da PA. O Professor Mourad atribui este facto, entre outros aspetos, à inércia terapêutica, como o sugere a percentagem elevada de doentes a seguir um regime de monoterapia.

 

O professor Massimo Volpe da Universidade de Roma “Sapienza”, Hospital de Sant’Andrea, sublinhou este aspeto na sua apresentação, fazendo referência a estudos que sugerem que a monoterapia não consegue garantir uma redução suficiente da PA que contribua para que os doentes hipertensos controlem a sua PA de forma sustentável. Assim sendo, a maioria dos doentes necessita de tratamento com dois fármacos ou mais. Para fomentar a adesão, o ideal seria administrar uma combinação de dois ou de três fármacos anti-hipertensos num único comprimido.

 

As combinações de comprimido único também desempenham um papel importante na iniciativa “Pressão Arterial Baixa”, promovida em Viena. Na sua alocução, o professor Thomas Weiss, do 3.º Departamento Clínico do hospital “Wilhelminenhospital” de Viena (Áustria), explicou que o estudo promovido nesse departamento convida os médicos a participarem no programa que coloca ênfase num regime de titulação padronizado e simplificado com combinações de comprimido único (CCU). 

 

Este projeto tem por objetivo melhorar o controlo da PA nos cuidados primários, aumentando a sensibilização dos médicos por meio de um tratamento anti-hipertensivo mais intenso, avançou a Daiichi Sankyo, em comunicado.

 

Os peritos presentes no simpósio consideraram a telemedicina e as Apps como um fator-chave para uma maior adesão. Evidências de estudos aleatórios sugerem que a telemonitorização das medições da pressão arterial feitas em casa (HBPT, do inglês “home blood pressure telemonitoring”), definida como a monitorização caseira da PA, associada à transmissão de dados ao médico e a um feedback sobre o estado do doente, poderá melhorar o controlo da PA e a adesão ao tratamento, podendo contribuir para uma otimização do regime terapêutico do doente.

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