Carolina Mosca considera “absurda” posição da Ordem dos Enfermeiros sobre vacinação 1812

A presidente do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Carolina Mosca, considera “absurdas” as declarações da Ordem dos Enfermeiros (OE) que colocam em causa a vacinação por parte de farmacêuticos nas Farmácias Comunitárias para o próximo plano de vacinação 2023/2024.

Os farmacêuticos das farmácias comunitárias vão poder administrar as vacinas contra a covid-19 em simultâneo com a vacinação da gripe durante a campanha Vacinação Sazonal Outono-Inverno 2023-2024, a partir de 29 de setembro. A OE referiu que “a administração de vacinas não é competência desses profissionais” e explicou que “não passa pela cabeça da OE administrar formação ‘ad hoc’ para que os enfermeiros vendam medicamentos”.

“São absurdas! Relativamente à comparação, nem sequer comento…”. Assim reagiu a presidente do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária da OF que, ao Netfarma, lembrou que “a administração de vacinas e medicamentos injetáveis é um serviço dispensado por farmacêuticos nas farmácias comunitárias há 16 anos, quando a Portaria n.º 1429/2007 definiu os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias”.

Explica que “em todos estes anos foram administrados por farmacêuticos milhares de vacinas e medicamentos injetáveis e não existem registos de ocorrências de casos graves de reações adversas neste contexto”. E recorda que em 2022 “o Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa considerou ‘totalmente improcedente’ a ação movida pela OE para impedir a administração de vacinas por farmacêuticos em farmácias comunitárias”.

Formação atualizada e ganhos de saúde

Estão habilitados para este serviço os farmacêuticos comunitários “que têm a competência atribuída pela OF, mediante frequência e aproveitamento em formação de administração de vacinas e medicamentos injetáveis reconhecida pela OF e em formação de Suporte Básico de Vida”. E existe a obrigatoriedade de a competência ser renovada a cada cinco anos, “estando assim garantida a atualização contínua de conhecimentos”.

Carolina Mosca

“A OF mantém registo permanente e atualizado sobre as ações de formação frequentadas por cada farmacêutico, tendo visibilidade a qualquer momento sobre se a competência se mantém em vigor ou não”, diz ainda, para acrescentar que os cursos de formação são semelhantes aos que estão em vigor noutros países, “de acordo com a estrutura proposta pela Federação Internacional Farmacêutica”.

A responsável afirma que “a administração de vacinas em farmácias comunitárias vai contribuir para o aumento da cobertura vacinal da população”, uma realidade que o próprio “ministro da Saúde também reconhece”. Uma vez que “há muitos locais sem unidades de cuidados de saúde primários, mas existe uma farmácia com um farmacêutico”, a novidade “vai promover a adesão à terapêutica”.

“Falo por mim e julgo que também o poderei fazer em nome dos meus colegas – os farmacêuticos comunitários estão sempre disponíveis para colaborar com todos os profissionais de saúde contribuindo para melhorar o acesso ao medicamento e a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos utentes”, conclui, e acrescenta: “o farmacêutico comunitário e o enfermeiro podem trabalhar em consonância em prol de ganhos em saúde para o utente – este deve ser o foco”.

Contrariamente à OE, a Ordem dos Médicos congratulou-se com o aumento da acessibilidade para o plano de vacinação 2023/2024. A Associação Pública Profissional destaca que “a gratuitidade para todas as pessoas com 60 ou mais anos, bem como para outros grupos prioritários, e aumentar a acessibilidade à vacina, são medidas importantes para manter a elevada taxa de cobertura vacinal em Portugal”.

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