Portugueses apoiam mais investimento no cancro, mas poucos querem contribuir 331

15 de Dezembro de 2015

Quase todos os portugueses querem mais investimento no cancro, mas metade não está disponível para descontar mais e, se tivessem que o fazer, a maioria preferia que o dinheiro fosse para um “fundo pessoal” e não para ajudar outros.

As conclusões constam de um inquérito realizado em novembro pela GFK, junto de mais de 1.200 pessoas, para avaliar as perceções dos portugueses sobre o cancro, que será apresentado hoje no âmbito do 3.º Think Tank Inovar Saúde – “Cancro 2010: Velhos e Novos desafios”.

Sobre o financiamento das doenças oncológicas, 59% dos portugueses têm a perceção de que na área da saúde é o cancro que recebe maior investimento e concordam que esta deve ser a prioridade: 84% defendem mais investimento e 74% consideram que as verbas existentes para a oncologia são «insuficientes», citou a “Lusa”.

Nessa medida, foram questionados sobre a possibilidade de descontarem mais para essa área e metade recusou, alegando que tem «pouco dinheiro disponível» (49%) ou que já desconta muito (41%).

Apenas um terço admitiu poder pagar mais para o cancro, mas, destes, só 15% se mostrou «muito disponível» para descontos adicionais, apresentando como prioridade «ajudar os doentes».

Na eventualidade de terem mesmo que descontar um valor adicional para oncologia, a maioria defendeu que esse dinheiro servisse como uma espécie de fundo pessoal, em que o dinheiro fosse aplicado no próprio tratamento, em caso de desenvolver a doença.

As outras hipóteses de investimento defendidas foram a modernização das instalações e equipamentos atuais, o aumento do número de médicos nos departamentos de oncologia, mais recursos para acelerar a introdução de tratamentos inovadores e para a investigação.

O estudo demonstra que o investimento no cancro é considerado prioritário pelos portugueses, por ser a doença mais temida (71%), à frente das doenças cardiovasculares, que são as que efetivamente mais matam em Portugal.

As elevadas taxas de prevalência e mortalidade, bem como o caráter «cego» da doença, são as razões que contribuem para esta perceção e também para a vontade manifestada pelos inquiridos de saberem mais sobre prevenção (69%), sintomas (51%) e tipos de tratamento (47%).

No que diz respeito ao tratamento do cancro e ao acesso a cuidados de saúde, o estudo demonstra que os portugueses consideram que o setor privado é globalmente melhor do que o público.

No entanto, dos 25% dos inquiridos que tiveram cancro ou acompanharam uma pessoa com a doença, 86% foram seguidos exclusivamente no serviço público e apenas cinco no privado.

O principal motivo para escolha do hospital público foi a falta de dinheiro para o privado, enquanto quem escolhe o privado alega sobretudo a rapidez do serviço.

Ainda assim, há a perceção de que existe qualidade no serviço público (em particular no que respeita às competências dos médicos), mesmo que, ponto por ponto, o privado tenha uma melhor prestação do que o público na avaliação que é feita pelos portugueses que responderam ao inquérito.

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