“Os farmacêuticos estão ativamente envolvidos na validação de nutrição parentérica” 1020

Prémio Farmácia Clínica Nutrição Parentérica by Fresenius Kabi visa distinguir artigos de investigação e/ou case studies clínicos, elaborados por farmacêuticos hospitalares, na área terapêutica de Nutrição Parentérica.  

Em entrevista ao NETFARMA, Ana Mirco, diretora interina dos Serviços Farmacêuticos da Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental (ULSLO) e membro do júri, explica os desafios da Farmácia Clínica, nomeadamente na área da nutrição, em Portugal e revela os critérios que considera essenciais para que um projeto se torne vencedor.

– Que desafios ainda limitam o desenvolvimento da Farmácia Clínica em Portugal?

– A Farmácia Clínica em Portugal, especialmente na área da nutrição, tem vindo a crescer de forma muito promissora, com valorização do farmacêutico hospitalar nas equipas de suporte nutricional. Hoje, em cada vez mais instituições, os farmacêuticos estão ativamente envolvidos na validação de nutrição parentérica, na gestão de incompatibilidades e na individualização das formulações para doentes com necessidades complexas. Este progresso tem sido possível graças a um maior reconhecimento institucional, a uma aposta crescente na formação especializada e à capacidade dos profissionais em demonstrar o seu impacto clínico e económico no uso racional da terapêutica nutricional.

Adicionalmente, há uma maior sensibilização para a importância da intervenção farmacêutica na segurança e eficácia da nutrição clínica, sobretudo em contextos como cuidados intensivos, oncologia ou pediatria. A colaboração em equipas multidisciplinares e a participação em comissões de nutrição clínica refletem este avanço. Os projetos desenvolvidos nesta área mostram que é possível combinar o conhecimento técnico e científico do farmacêutico com as necessidades práticas do doente, trazendo benefícios concretos em termos de resultados em saúde. Esta evolução tem vindo a contribuir para o desenvolvimento da farmácia clínica em Portugal.

– Quais os critérios considerados essenciais para um projeto poder vir a ser vencedor na área da Farmácia Clínica? Porquê?

– Um projeto vencedor nesta área deve demonstrar claramente como a intervenção do farmacêutico contribuiu para melhorar a segurança, eficácia e qualidade do suporte nutricional prestado ao doente. A aplicação de conhecimentos nas áreas clínica, da farmacotecnia, na otimização da nutrição, na identificação e resolução de incompatibilidades, na individualização da terapêutica nutricional e na redução de eventos adversos associados, são elementos essenciais. Os projetos que apresentem resultados quantificáveis, como a redução de complicações infeciosas, otimização de custos ou melhoria dos indicadores nutricionais, terão, naturalmente, um maior destaque.

É importante que o projeto promova a colaboração multidisciplinar, já que a nutrição clínica é, por natureza, uma área transversal que exige a articulação entre diversos profissionais de saúde. A inovação, seja na implementação de novas ferramentas de prescrição eletrónica, protocolos de validação nutricional ou processos de monitorização, será também valorizada. Por fim, o potencial de replicação do projeto noutros contextos hospitalares reforça a sua relevância e impacto no sistema de saúde.

– Que impacto real este prémio poderá vir a ter no dia a dia?

– Este prémio pode ter um impacto transformador na prática diária da Farmácia Clínica na área da nutrição, ao dar visibilidade a trabalho desenvolvido, fundamental para a segurança e eficácia do suporte nutricional. O reconhecimento público e institucional pode reforçar o papel do farmacêutico nas decisões relacionadas com nutrição clínica, ajudando a consolidar a sua posição nas comissões de nutrição clínica e a garantir uma presença ativa nos serviços clínicos.

Além disso, ao distinguir projetos com impacto real na vida dos doentes, o prémio contribui para criar um ciclo de motivação e melhoria contínua. Os resultados e metodologias partilhadas podem inspirar outros serviços a replicar boas práticas, elevar a qualidade assistencial e promover a interdisciplinaridade. A médio prazo, o prémio poderá ajudar a padronizar a atuação do farmacêutico na área da nutrição clínica, com benefícios claros para o doente e para a eficiência do sistema de saúde.

– Que mensagem deixaria aos farmacêuticos que estão na dúvida em concorrer a este prémio?

– Aos colegas que ainda têm dúvidas, deixo uma mensagem clara: este prémio é uma oportunidade para dar voz ao trabalho clínico que já estão a fazer, muitas vezes com grande dedicação e impacto na saúde dos doentes. A nutrição clínica é uma área onde o contributo do farmacêutico é essencial, embora por vezes pouco visível. Concorrer a este prémio é uma forma de mostrar, com dados e exemplos práticos, como as vossas intervenções fazem a diferença, seja na segurança da nutrição parentérica, na compatibilidade das formulações, ou na individualização da terapêutica nutricional.

Mesmo que o projeto não venha a ser o premiado, o processo de candidatura já é, por si só, um exercício de valorização, partilha e desenvolvimento profissional. É também uma forma de inspirar colegas de outras instituições a iniciar projetos semelhantes. Estamos a construir, passo a passo, uma farmácia clínica mais forte e reconhecida.

– Como espera que este prémio evolua nos próximos anos?

– Nos próximos anos, espero que este prémio ganhe ainda mais projeção e se torne uma referência nacional na valorização da farmácia clínica em áreas especializadas, como a nutrição. Seria importante que surgissem categorias específicas dentro da Farmácia Clínica, permitindo distinguir projetos com diferentes focos. Esta diversificação aumentaria o número de candidaturas e daria maior reconhecimento à multiplicidade de atuações do farmacêutico nesta área.

Idealmente, o prémio poderá vir a estimular também a criação de redes de partilha e colaboração entre serviços hospitalares, promovendo a troca de experiências e a disseminação de boas práticas. A integração de parcerias com sociedades científicas, universidades e outras instituições de saúde poderá dar-lhe uma dimensão ainda mais robusta e científica. Nesse sentido, este prémio poderá funcionar não só como uma distinção, mas como um motor de inovação, reconhecimento e desenvolvimento sustentado da farmácia clínica na área da nutrição em Portugal.

 

O Prémio Farmácia Clínica Nutrição Parentérica by Fresenius Kabi

Trata-se de uma iniciativa anual que visa distinguir artigos de investigação e/ou case studies clínicos, elaborados por farmacêuticos hospitalares, na área terapêutica de Nutrição Parentérica.

As candidaturas encerram a 15 de setembro de 2025, estando a participação limitada exclusivamente a farmacêuticos hospitalares portugueses inscritos na Ordem dos Farmacêuticos. 

Para mais informações ou esclarecimento de dúvidas, contacte: fc@netfarma.pt 

O Prémio Farmácia Clínica – Nutrição Parentérica by Fresenius Kabié uma iniciativa da Farmácia Clínica e conta com o patrocínio da Fresenius Kabi e o apoio da APFH e do CEFH da Ordem dos Farmacêuticos.