
Em entrevista hoje ao Jornal Económico, a propósito dos 50 anos da associação, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), reconhece que em Portugal “temos um sistema de saúde com indicadores muito bons, nomeadamente em esperança média de vida, mas temos problemas relacionados com morbilidade: ou seja, as pessoas vivem menos anos com qualidade de vida do que alguns dos nossos congéneres europeus. Isso tem muito a ver com a carga de doença crónica que temos no nosso país”.
Uma vez que estas doenças “são tratadas com medicamentos que são dispensados nas farmácias comunitárias, achamos que deve haver uma formalização do acompanhamento farmacêutico”, salienta a dirigente da ANF, acrescentando que “até pode ser útil para o médico ter acesso aos resultados para tomar as suas decisões clínicas: continuidade ou alteração da terapêutica, ou mesmo identificar pessoas que não têm a doença controlada e que têm de ser referenciadas para o médico, antes que esse descontrolo resulte num evento cardiovascular que depois exige uma hospitalização, ou numa ida à urgência que podia ter sido evitada se a pessoa tivesse sido acompanhada”.
Ema Paulino lembra que “hoje em dia temos receitas médicas que têm a validade de um ano para pessoas que têm doenças crónicas, e portanto podem estar um ano sem ir novamente ao médico, e dentro desse período, pelo menos de dois em dois meses vão à farmácia para ter acesso aos medicamentos”. Por isso, este momento “seria uma ótima oportunidade para verificar se os medicamentos estão a ser efetivos ou se há alguma situação que tenha de ser vista pelo médico”.
Quando questionada se há disponibilidade do Governo para avançar com esta formalização, a presidente da ANF responde que “temos alguma expectativa que possamos vir a desenvolver este domínio. O programa do Governo fala dessa possibilidade. Por um lado, usar a rede de farmácias para melhorar a literacia da população em saúde; mas também no acompanhamento das pessoas que têm doenças crónica”.