A Enhanced Fertility, startup liderada por Andreia Trigo e que acelera o processo de testes, diagnóstico e início de tratamento de fertilidade, foi a vencedora do Road 2 Web Summit, com o prémio Startup Mais Promissora.
O programa Road 2 Web Summit (R2WS) 2025 visa promover a participação de empreendedores e startups do ecossistema português de elevado potencial na Web Summit.
Na edição deste ano, a Enhanced Fertility foi grande vencedora “com o prémio de Startup Mais Promissora e recebeu um cheque de 15 mil euros, no decorrer da Web Summit”.
Noutro prémio atribuído, a Teemy, “na área de hospitalidade, foi selecionada como a startup com melhor performance no Bootcamp de Lisboa e Porto e durante a Web Summit, tendo-lhe sido atribuído um cheque de cinco mil euros”, refere a Startup Portugal.
A edição de 2025 contou com 115 startups de todo o país e com fundadores de todo o mundo.
“Entre os participantes, houve uma representação significativa de startups nas áreas de tecnologia, saúde, recursos humanos, finanças e sustentabilidade. No total, as 115 startups, que representam os quatro cantos do país, já tiveram investimentos em mais de 40 milhões de euros”, adianta a Startup Portugal, citada pela Lusa.
Em 2024, as distinções foram atribuídas às empresas Framedrop.ai (startup mais promissora) e Deeploy (startup com melhor desempenho).
A Enhanced Fertility
A startup nasceu de uma situação pessoal da sua fundadora diagnosticada infértil, Andreia Trigo, que com esta startup na área da saúde espera contribuir para que nasça um milhão de bebés no mundo.
Andreia Trigo salientou a importância de ter sido uma startup liderada por uma mulher a vencer a Road 2 Web Summit.
“É algo pelo qual eu estou muito apaixonada, que é encorajar outras mulheres a entrarem neste mundo da startup”, disse a presidente executiva (CEO) da Enhanced Fertility, enfermeira, à Lusa.
“Tenho uma história pessoal em que fui diagnosticada com infertilidade aqui no Hospital de Santa Maria há mais de 20 anos e foi um processo de diagnóstico muito difícil, com vários médicos, vários exames”, relatou de forma emocionada a empreendedora.
Andreia Trigo salienta que demorou “muitos anos” até descobrirem o problema que tinha, que é raro, chama-se NRKH, que significa que nasceu sem útero.
“É muito difícil lidar com uma impossibilidade de gravidez, numa altura em que eu era ainda muito jovem. Portanto, esta empresa para mim significa dar um significado positivo ao meu próprio diagnóstico e ao mesmo tempo fazer algo de bom no mundo”, partilhou Andreia Trigo.
Na Enhanced Fertility “ajudamos pessoas e clínicas de fertilidade a chegar ao diagnóstico mais rapidamente e fazemos isso através de testes remotos de diagnóstico”, ou seja, ‘kits’ que são enviados por correio e as pessoas só têm de picar o dedo como os diabéticos fazem e colher algumas gotinhas de sangue.
Depois é enviado para o laboratório para análise e “os resultados são em 24 horas e o nosso algoritmo automatiza o diagnóstico para o médico e para o paciente”, contou Andreia Trigo.
“O nosso objetivo é ter um milhão de bebés no mundo, já temos agora 35 bebés, alguns portugueses, mas estamos disponíveis em toda a Europa”, referiu a CEO.
Os ‘kits’ estão disponíveis no mercado e os testes são produzidos em Lisboa, regulados pelo Infarmed.
“São dispositivos médicos” e estão traduzidos em sete línguas, adianta, referindo que são distribuídos para todos os países da Europa.
A Enhanced Fertility trabalha tanto diretamente com os consumidores – vendendo diretamente através do ‘site’ – ou através de clínicas.
No último ano foram vendidos 500 testes em toda a Europa.
A equipa está em Portugal, faz parte Unicorn Factory desde que iniciou em 2023.
“Temos recebido muito apoio também do Startup Portugal e tem sido transformacional”, sublinhou Andreia Trigo.
“Lembro-me há mais de 20 anos quando eu tive a minha primeira ideia de negócio, em que eu cometi todos os erros possíveis e imaginários e não havia apoio nenhum. Eu era apenas uma pessoa que estava a tentar melhorar um sistema dentro do hospital”, relatou.
Entretanto, “chegar a Portugal depois de ter emigrado [para o Reino Unido] e encontrar um ecossistema que apoia bastante as empresas e principalmente empresas lideradas por mulheres é raro encontrar. Portanto, tem sido transformacional”, reforçou.
A empresa tem nove pessoas e tem planos para crescer, estando atualmente em fase de levantamento de capital.
“Nós estamos neste momento a angariar fundos, dois milhões de euros, já temos metade angariado, pode ser que haja investidores em Portugal que se queiram juntar a nós”, referiu.
Agora, “o nosso próximo passo é começar a monitorizar o tratamento” prescrito aos pacientes, que são diferentes de médico para médico, e perceber o resultado, se há gravidez ou não, e conseguir ligar isso aos dados que têm, “que é uma base de dados enorme de dados pré-tratamento de todos os aspetos: sintomas, doenças, genética, estilos de vida”, explicou.
Atualmente, a startup está a colaborar com uma clínica em Lisboa, uma em Coimbra e uma no Algarve.
A edição deste ano da Web Summit, cimeira tecnológica que arrancou em Lisboa em 2016, terminou ontem.




