VII Encontro Premium Farma: “A Inteligência Artificial vai mudar a nossa vida, comecem a usá-la hoje” 137

Numa conferência que reuniu mais de 150 profissionais em Évora para debater a atualidade da Farmácia em Portugal, o tema Inteligência Artificial acabou por centrar as atenções. No encontro houve ainda networking e uma entrega de prémios.

“Daqui a dez anos vamos querer um diagnóstico feito pela Inteligência Artificial”. A frase de Miguel Pina Martins, fundador e CEO da Science4You, surpreendeu a centena e meia de profissionais que estiveram presentes no VII Encontro Premium Farma, que se realizou no dia 6 de dezembro no Convento do Espinheiro, em Évora.

Na conferência ‘Liderar para Ganhar: Decisões Corajosas em Tempos Incertos’, moderada pelo jornalista da SIC Bento Rodrigues, os profissionais da farmácia e do medicamento escutaram o empreendedor a justificar a sua posição: “hoje em dia, nas análises, por exemplo, a IA permite muitos dados. Vai mudar muito a nossa vida, especialmente na área médica, porque quando eu tiver um problema é a ela que vou recorrer”.

Para o fundador e CEO da Science4You, “o erro que qualquer farmácia não pode cometer é achar que a IA não vai chegar. Ela vai chegar a todos e eu recomendo que comecem a usá-la hoje, vejam quais são as diferenças”. Miguel Pina Martins deu um exemplo da contratação da Microsoft que, atualmente, em vez priorizar o background do candidato, “a primeira coisa que perguntam é como é que ele utiliza Inteligência Artificial”.

Dirigindo-se diretamente à plateia, o empreendedor afirmou: “tenham já o ChatGPT, o Gemini, comecem já a perguntar e a interagir com eles. Mais cedo ou mais tarde vão chegar às vossas farmácias e vão começar a ver que os doentes vão querer ter uma conversa primeiro com um sistema digital antes de recorrer ao farmacêutico, porque a resposta e os medicamentos vão começar a ser melhores”.

Maria do Carmo Neves, presidente do conselho de administração do Grupo Tecnimede, revelou que “com a Inteligência Artificial criamos as nossas próprias plataformas internas e usamos dados de uma forma correta”.

Segundo a empresária, “vamos conseguir investigar medicamentos que demoraríamos 12 anos em apenas quatro ou cinco anos, a um custo mais baixo”.

Maria do Carmo Neves elogiou, de seguida, as farmácias portuguesas e sugeriu alguns procedimentos praticados no estrangeiro: “a farmácia está bem posicionada e eu tenho visto a evolução nos últimos 30 anos. Penso que a legislação pode ser melhor, por exemplo, trazendo para Portugal aquilo que já se passa noutros países, nomeadamente em Inglaterra, que é permitir que os farmacêuticos tenham atividades na mesma área que os médicos ao nível de fazer diagnósticos de situações menos complicadas”.

Numa perspetiva de utilização diária da Farmácia pelos utentes, Elisabete Silva, CEO da Elypharma, encara “a Farmácia cada vez mais como um negócio e ela tem que ser vista cada vez mais como retalho. Só vai à Farmácia quem efetivamente precisa”. Para a responsável, seria importante que o SNS “olhasse para a Farmácia como algo que está na linha da frente do próprio SNS” porque os “hospitais e as urgências estão sempre entupidos e é no meu farmacêutico que vou confiar”.

Tim Vieira foi um dos oradores desta conferência e o fundador do grupo Brave Generation considera que “as farmácias têm equipas muito pequenas com uma pressão operacional muito grande: isto é transversal e tem impacto no serviço público”, alertou o investidor do programa ‘Shark Tank’.

Pela sala de conferências do Convento de Espinheiro passou ainda Ricardo Costa, presidente do Grupo Bernardo da Costa, que deu uma palestra sobre o tema ‘A Felicidade é Lucrativa’, antes do networking, a que se seguiu o jantar de Natal, que culminou com um momento cultural e a entrega de prémios, que encerrou o VII Encontro Premium Farma.