“Devemos promover uma mudança cultural que incentive os cidadãos a consultar o farmacêutico primeiro, como noutros países está a acontecer, otimizando os recursos do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Helder Mota Filipe, na sessão de abertura das V Jornadas de Farmácia Comunitária, que decorreram no passado sábado, no auditório da Ordem dos Farmacêuticos (OF), em Lisboa.
A implementação de novos serviços farmacêuticos “constitui uma oportunidade estratégica para alargar o contributo da Farmácia Comunitária para a saúde das populações”. Referindo-se ao atraso na implementação da dispensa de medicamentos em proximidade, o bastonário considera que “não é aceitável” que em 2025 os doentes continuem a ser obrigados a percorrer centenas de quilómetros para ter acesso a medicamentos que podem ser dispensados, “com igual qualidade”, na Farmácia Comunitária.
“Continuar a perpetuar esta situação é até desumano”, afirmou Helder Mota Filipe, adiantando que “até à data, menos de uma centena de utentes estão integrados neste novo regime”.
Relativamente à integração do farmacêutico comunitário na resposta às situações clínicas ligeiras, que já é uma realidade em vários países da Europa e no Canadá, o bastonário defende que este serviço “não pode ser travado ou voltar para trás”.
A finalizar a sua intervenção, e ainda no contexto da melhoria da qualidade dos serviços prestados em Farmácia Comunitária, o bastonário anunciou a criação do Top Farmácia Comunitária, que visa “reconhecer o papel realizado nas farmácias e promover continuamente a excelência farmacêutica através da análise de indicadores em várias categorias, nomeadamente a dispensa e aconselhamento, a prevenção, o acompanhamento do doente e a promoção da saúde pública”.
“Símbolo de compromisso”
As Jornadas “são o primeiro grande evento promovido pelo Colégio da Especialidade de Farmácia Comunitária desde que tomou posse, em março deste ano”, referiu Cidália Silva, presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária (CCEFC) da OF. “São, por isso, um símbolo de compromisso com a valorização do farmacêutico comunitário, com a resposta aos desafios do Serviço Nacional de Saúde, com o reforço da proximidade aos cidadãos e com a promoção da saúde e bem-estar da população”.
Organizar este evento num espaço tão curto de tempo “foi exigente, mas absolutamente compensador”, admitiu a responsável do Colégio. “Hoje, mais do que nunca, precisamos de farmacêuticos comunitários com voz, com visão e com coragem para liderar a transformação da Saúde em Portugal”.
Sob o mote “Excelência, inovação e longevidade”, as V Jornadas de Farmácia Comunitária centraram-se em quatro grandes desafios da prática farmacêutica atual: o farmacêutico na jornada do doente oncológico, a intervenção farmacêutica na gestão de situações clínicas ligeiras, a impacto da Inteligência Artificial nos serviços farmacêuticos e biologia do anti-aging.
Após a entrega do ‘Prémio Melhor Poster’ – que este ano distinguiu os trabalhos sobre “Intervenção farmacêutica no alívio da pressão sobre o sistema de Saúde” e “Intervenção do farmacêutico comunitário na prevenção e gestão de complicações orais em doentes oncológicos” – a presidente do Colégio anunciou a criação do Prémio Inovação Farmácia Comunitária, que visa “reconhecer e incentivar projetos inovadores com impacto mensurável na saúde da população”.
Leia a reportagem completa das Jornadas na edição de julho-agosto da revista Farmácia Distribuição.
