Um terço dos homens diz sentir dificuldade em aceder aos cuidados de saúde 620

Um terço (33%) dos homens portugueses diz sentir dificuldades em aceder aos cuidados de saúde e que o seu rendimento influencia a sua capacidade de ir ao médico. Segundo o estudo ‘A Saúde do Homem’, realizado pela GfK Metris, promovido pela Johnson & Johnson Innovative Medicine e pelo Expresso, com o apoio da Ordem dos Médicos, o aumento das despesas (56%) seguido do agravamento da doença (44%) e diagnóstico tardio (40%) são as principais consequências provocadas por essa dificuldade.

Nesta auscultação, os portugueses inquiridos dizem destinar 14% do seu rendimento mensal aos cuidados de saúde, valor que aumenta para os 18% quando questionadas as mulheres. Apesar da dificuldade expressa em relação ao acesso aos cuidados de saúde, a nível global, 42% dos inquiridos afirmam nunca ter adiado consultas médicas ou tratamentos devido a restrições financeiras, valor que ascende aos 52% junto do género masculino.

Para 27% dos homens, o rendimento influencia significativamente a sua capacidade de aceder a cuidados de saúde, uma percentagem que aumenta para 39% nas mulheres, segundo o estudo.

A GfK auscultou cerca de mil portugueses para caraterizar os cuidados de saúde na população masculina, incidindo em especial sobre quatro doenças: Cancro do Pulmão, Cancro da Próstata, VIH e Psoríase/Artrite Psoriática (AP). O objetivo foi retratar os cuidados de saúde da população masculina sensibilizar a sociedade para a importância da prevenção e do tratamento de doenças que a afetam.

As doenças que mais preocupam

No que concerne às doenças que mais preocupam os portugueses, cancro, Alzheimer, doenças do coração, depressão e diabetes estão no top 5. Em média, as mulheres preocupam-se mais cerca de 20% do que os homens.

O Top 5 de carcinomas que mais preocupam os portugueses são: cólon e reto, pâncreas, pulmão, mama e estômago. Curiosamente, o cancro da próstata que é a segunda causa de morte por cancro nos homens, surge apenas em 6º lugar no ranking das preocupações.

De uma forma geral, os portugueses preocupam-se com a saúde dos seus/seus parceiros(as), devido sobretudo aos antecedentes familiares dos mesmos (41%), a idade de risco (32%), o sedentarismo (31%) e o excesso de peso/obesidade (30%). No caso particular dos homens, a preocupação do álcool sobre a sua saúde é superior à das mulheres (11%vs 7%).

A maioria dos doentes está em tratamento há mais de 36 meses (+3 anos), independentemente da patologia em questão. A maioria dos doentes com cancro (68%) não fez testes genéticos para identificar possíveis mutações nos cromossomas, proteínas ou genes, o que explica que mais de metade (63%), tenha referido a radioterapia e quimioterapia como o seu tratamento atual e as terapias dirigidas apenas surjam em quarto lugar (em 12%dos doentes).

A grande maioria dos portugueses (86%) tem médico de família, no entanto, a frequência com qual recorrem ao mesmo é reduzida. 48% vai ao médico de família uma vez por ano ou menos.  69% dos homens já passou por mais do que uma abordagem terapêutica e a falta de eficácia é a principal razão para a alteração de tratamento. 44% dos doentes com HIV/SIDA mudaram de terapêutica porque surgiram novas opções (88%). Em qualquer uma das patologias a maioria mudou de tratamento por progressão da doença ou novas opções disponíveis o que leva a perguntar se tiveram o acesso ao medicamento certo no momento certo

O acesso a tratamentos inovadores varia consoante a condição, sendo considerado como mais restrito pelos doentes com cancro do pulmão e psoríase/ artrite psoriática e mais acessíveis por doentes com HIV/ SIDA (56%).

E se no caso do cancro do pulmão e do VIH, os homens dirigiram-se ao hospital público para marcarem a sua consulta e serem seguidos na sua doença, no caso do cancro da próstata, psoríase ou AP, os doentes optaram maioritariamente pelo privado (cerca de 60%).

Quanto ao acesso à informação, para 73% dos portugueses o médico é o meio privilegiado para a obtenção de mais informação sobre saúde. O farmacêutico (47%) vem depois de motores de busca. 8% já foram ao médico por influência de uma campanha publicitária e marcou check-up ou rastreio (74%).