A Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade (APFPC) revela “surpresa com as declarações de ontem do Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos relativas ao anúncio da existência de ‘um despacho quase finalizado’, efetuado pela Senhora Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, relativo à futura intervenção dos farmacêuticos em situações clínicas ligeiras”.
Neste sentido, a associação argumenta, em comunicado, que “as competências técnico-científicas do farmacêutico não podem nem devem ser postas em causa com declarações deste tipo. Somos os especialistas do medicamento, e o garante da sua utilização segura, eficaz e racional”.
A associação relembra ainda “que este tipo de serviço já existe em diversos países como a Suíça, Reino Unido, Canadá e Austrália, e ao longo dos anos diversos estudos e relatórios são unânimes quanto às vantagens e ganhos em saúde e comodidade para as pessoas, bem como ganhos económicos diretos e indiretos, da atuação do farmacêutico em situações clínicas ligeiras”.
Além disso, “este despacho, e protocolos de atuação subsequentes, como é lógico, resultariam da colaboração entre médicos e farmacêuticos para a definição concreta e inequívoca de todo o procedimento, o que não coloca riscos nem dúvidas sobre o papel do farmacêutico neste tipo de abordagem às situações clínicas ligeiras”, refere a APFPC.
Tendo em conta que situações clínicas ligeiras “são, por definição, condições não-complicadas, muitas vezes autolimitadas, que podem ser diagnosticadas e geridas pelo próprio, com ou sem o apoio de um profissional de saúde. Não se trata portanto de situações complexas, que requeiram diagnósticos diferenciais e nem tratamentos complexos“, indica a associação.
Posto isto, “é nossa visão que o foco de todos os profissionais de saúde deva ser o doente, e desse modo o trabalho conjunto e colaborativo deve ser a norma, com vista a atingir a maior e melhor eficiência e os melhores resultados em saúde, num sistema de saúde que também se quer funcional e sustentável“, salienta a APFPC, acrescentando que “reiteramos o nosso compromisso em apoiar e implementar este tipo de intervenção farmacêutica, com o objetivo primordial do benefício do doente e da rapidez na resolução efetiva da sua situação clínica”.
Projeto em 2022
A APFPC, já em 2022, tinha criado o projeto de ‘Intervenção Farmacêutica em Situações Clínicas Ligeiras’, onde foram redigidos protocolos de atuação baseado na mais recente evidência científica sobre o tema, e que lhe valeu a atribuição do Prémio Tecnigen Farmácias Comunitárias.




