Rinite Alérgica 1113

Artigo de Opinião de Sara Ferrão, Farmacêutica, Medical Writer
Directora Técnica Farmácia São José

A Rinite Alérgica (RA) é uma doença crónica e controlável da mucosa nasal. É induzida pela exposição a um agente alérgeno que acciona os mecanismos mediados pela IgE na mucosa nasal e dá origem a inflamação e consequente sintomatologia. Pode ou não estar associada a outras patologias, tais como a asma, dermatite atópica, sinusite ou pólipos nasais.

Clinicamente caracterizada por rinorreia, espirros, prurido e obstrução nasal, que ocorrem após a exposição ao alérgeno, a RA pode ser a causa de uma diminuição das horas de sono, qualidade de vida e produtividade. Pode também estar associada a sintomas oculares, como lacrimejo, prurido ou olho vermelho. As suas causas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas sabe-se que factores genéticos e ambientais apresentam um papel importante.

O tipo de alérgeno responsável pelos sintomas varia consoante a pessoa afectada e inclui substâncias como pólens, ácaros, fumo, algumas essências, entre outros.

Anteriormente a classificação utilizada era baseada na exposição ao alérgeno: sazonal, perene ou ocupacional. Verificou-se, no entanto, que esta classificação não era satisfatória adoptando-se, de acordo com as guidelines definidas pela ARIA (Allergic Rhinitis and its impact on Asmtha), a classificação da rinite conforme a sintomatologia:

· Intermitente (sintomas < 4 dias por semana ou < 4 semanas seguidas)
o Ligeira (todas as seguintes: sono normal, sem prejuízo da qualidade de vida e sem sintomas incomodativos)
o Moderada-Grave (uma ou mais das seguintes: sono alterado, prejuízo da qualidade de vida e com sintomas incomodativos)
· Persistente (sintomas > 4 dias por semana e > 4 semanas seguidas)
o Ligeira
o Moderada-Grave

Um indivíduo com sintomas de rinite deve ser avaliado e, com base na sua história clínica e nas características dos sintomas, sujeito a medicação para o seu alívio. No

caso de sintomas intermitentes ligeiros, o tratamento inclui a utilização de anti-histamínicos H1, de aplicação oral (de preferência não sedativos) ou intranasal. Pode ser também utilizado, em associação ou não, um descongestionante local, por um período não superior a 5 dias (para evitar a ocorrência de efeito reebond, em que ocorre o agravamento dos sintomas).

Nos casos persistentes e/ou moderados-graves, o clínico poderá optar pela prescrição de um agente corticóide nasal (tratamento de primeira linha nos casos de RA persistente moderada-grave), podendo ser associado ao tratamento um anti-histamínico H1 oral ou intransal e/ou descongestionante.

Nos doentes com RA, especialmente se for persistente e/ou moderada-grave deve ser avaliada a presença de asma e encaminhar para especialidades como a alergologia ou, caso o quadro clínico o justifique, otorrinolaringologia. A reavaliação, principalmente se os sintomas persistirem, realiza-se de forma a determinar a adequação do tratamento.

A RA é uma das doenças crónicas mais prevalentes a nível mundial, estimando-se que afete entre 10 a 20% da população. É uma doença controlável e cujos sintomas, no geral, se localizam maioritariamente ao nível da mucosa nasal e desaparecem pouco tempo depois da utilização da medicação específica. Não está associada a febre nem dores musculares.

Com base no contexto actual e à data, as pessoas que sofrem com RA não são consideradas grupo de risco no que respeita a infecções respiratórias, mas a maioria tem patologias concomitantes como a asma, que pode levar ao aparecimento deste tipo de infecções. Por norma, estas pessoas já reconhecem a sintomatologia e utilizam uma medicação crónica de controlo. Sendo assim, de forma a evitar o desenvolvimento de sintomas que possam vir a ser confundidos com uma infecção respiratória ou uma infecção propriamente dita, salienta-se a importância de manter o tratamento crónico, de forma adequada e conforme prescrito.