Relatório do CNS defende necessidade de interoperabilidade entre farmácias e instituições de saúde 443

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) publicou um relatório com as perspetivas, consensos e contributos dos conselheiros e das entidades representadas nesta estrutura sobre a implementação e desenvolvimento de sistemas de informação de saúde.

O relatório identifica o Registo de Saúde Eletrónico (RSE) pessoal único como eixo central de um sistema de informação de saúde ao serviço das pessoas. “O acesso à informação pessoal de saúde deve ser autorizado pelo seu titular aos profissionais que lhe prestem cuidados, segundo perfis de acesso e utilização específicos, ajustados às competências do profissional e aos objetivos dos cuidados”, defendem os autores.

Vários farmacêuticos estiveram envolvidos na elaboração do relatório, que contou também com os contributos da Ordem dos Farmacêuticos.

O relatório agora publicado apresenta uma visão sobre a arquitetura e o desenvolvimento integrado do sistema de informação de saúde, sistematizando as suas principais dimensões, as necessidades e expectativas expressas pelos utilizadores e as preocupações, constrangimentos e dificuldades de desenvolvimento nos diferentes contextos de cuidados e de utilização da informação de saúde.

 

Necessidade de interoperabilidade 

No que às farmácias diz respeito, o relatório defende que “a integração tecnológica com interoperabilidade entre as farmácias e outras instituições de saúde, bem como com outras tecnologias de saúde digital, contribuirá para melhores resultados em saúde. Poderá, por exemplo, permitir detetar e resolver situações de saúde antecipadamente”.

Neste sentido, é explicado que o potencial de criação de valor “da alarmística de segurança dos sistemas de dispensa/prescrição, bem como ferramentas de telemonitorização, deverá também ser explorado neste âmbito”.

 

Necessidade de possibilitar acesso e registo de informação pelo farmacêutico comunitário no registo de saúde eletrónico único

Neste aspeto, é defendido que “poder-se-ão obter vantagens e ganhos para a saúde e segurança das pessoas pela possibilidade do farmacêutico a exercer em farmácia comunitária poder aceder a um resumo clínico inteligente, específico para o seu perfil, hoje possível com recurso a IA [inteligência artificial]”.

Este acesso deverá estar previsto no âmbito do RSE único da pessoa que recorre aos seus cuidados farmacêuticos, quando por ela autorizado. “Tal funcionalidade possibilitará consulta e registo/edição, para partilha de informação clínica com outros profissionais que cuidem dessa pessoa”.

 

Assegurar comunicação de notas terapêuticas entre profissionais

É ainda necessário, de acordo com o documento, desenvolver a comunicação entre profissionais de saúde.

Este passo será crucial para “melhorar a prestação de cuidados de saúde, promovendo uma abordagem mais integrada e colaborativa”.

Assim sendo, o relatório deixa a sugestão de “explorar, em detalhe, a implementação do sistema de comunicação bidirecional, de resposta às notas tipificadas, mas também em campo aberto”.

É também salvaguardada a importância da associação da comunicação ao utente, “de forma a incorporar notas para além das que emergem diretamente de uma linha de prescrição (notas terapêuticas e clínicas), bem como a integração de outras funcionalidades (sistema de alarmística, possibilidade de anexar documentos e sistema de atualização de estado)”.