Num momento em que o sistema de saúde enfrenta desafios crescentes, do envelhecimento da população ao aumento das doenças crónicas, torna-se essencial apostar na prevenção e na capacitação das pessoas para monitorizarem a sua saúde. Nesta missão, o farmacêutico tem vindo a assumir um papel que vai muito além do balcão.
A farmácia comunitária é, cada vez mais, um ponto de contacto privilegiado com a população. Um espaço onde se promove a literacia, se previne a doença e se acompanha a evolução das pessoas com patologia. Onde se escuta com atenção, se orienta com rigor e se educa com empatia. Onde, todos os dias, se faz saúde pública de proximidade.
O farmacêutico desempenha um papel essencial que ultrapassa largamente a dispensa do medicamento. É responsável por garantir a literacia terapêutica, explicando com clareza como utilizar corretamente os tratamentos, descomplicando a linguagem médica e contribuindo para a adesão terapêutica. Paralelamente, assume uma função ativa na prevenção da doença e na promoção da saúde, através de rastreios, aconselhamento e monitorização regular. Esta dualidade entre tratar e prevenir concretiza-se, diariamente, nas farmácias comunitárias , verdadeiros elos de ligação entre o sistema de saúde e os cidadãos.
Medições de pressão arterial, de glicemia ou cálculo do índice de massa corporal fazem já parte da rotina em muitas farmácias. Mas mais do que números, são momentos de diálogo e de escuta ativa, oportunidades para reforçar a literacia em saúde junto de quem mais precisa. Por isso, é fundamental reconhecer as farmácias como postos avançados de saúde pública acessíveis, próximos e tecnicamente preparados.
Este modelo de farmácia mais interventiva, focada na prevenção, na educação terapêutica e no acompanhamento contínuo, responde com eficácia aos desafios da atualidade: ajuda a aliviar a pressão sobre o SNS, a garantir um uso mais seguro e racional do medicamento e a fomentar uma sociedade mais autónoma e informada em saúde.
É com esta visão de futuro que os Estudantes de Ciências Farmacêuticas se identificam. A Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) tem dado corpo a essa missão, promovendo campanhas de saúde pública junto da comunidade, onde os estudantes se afirmam, desde cedo, como agentes de literacia e promotores de bem-estar.
Um exemplo concreto foi a recente campanha dinamizada na Universidade Sénior Enéas de Coimbra, dirigida à população idosa. A sessão incluiu uma componente teórica, com explicações acessíveis sobre hipertensão e diabetes, e uma vertente prática, com rastreios de pressão arterial, glicemia e índice de massa corporal. Para além de promover a prevenção e capacitação dos participantes, a iniciativa permitiu aos estudantes vivenciar a intervenção em saúde pública, assumindo, de forma responsável, o seu papel na sociedade.
Estas iniciativas reforçam e inspiram aquilo que é feito todos os dias nas farmácias. Mostram que a proximidade do farmacêutico é uma ferramenta valiosa para gerar confiança, promover literacia e, acima de tudo, prevenir antes de tratar.
Afonso Garcia
Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)




