Portugal envia ampolas para tratamento de intoxicação por metanol no Brasil 330

O Governo português anunciou o envio para o Brasil de ampolas de Fomezipole injetável para apoiar o país que vive uma crise de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas.

Portugal enviou ontem “para a República Federativa do Brasil ampolas de Fomepizole injetável, medicamento essencial para o tratamento dos doentes que foram vítimas de intoxicação exógena por metanol em diferentes regiões daquele país”, disse, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre uma operação que envolveu, ainda, o Ministério da Saúde, a Secretaria-Geral do Ministério da Saúde, o INFARMED e o Instituto Camões.

Apesar de não especificar o número de ampolas, o Governo português disse esperar “que a doação contribua para ultrapassar a situação de emergência de saúde pública que aquele Estado-membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enfrenta e, sobretudo, para diminuir o número de vítimas mortais”.

O apoio português surge, como indica a Lusa na sequência de um pedido feito no final da semana passada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que acionou várias autoridades internacionais para trazer antídoto do metanol para o Brasil.

Em resumo

De acordo com o último balanço, existem três mortes confirmadas, e mais de uma dezena por confirmar, todas no estado brasileiro de São Paulo.

A terceira morte foi confirmada na segunda-feira pela Prefeitura de São Bernardo, em São Paulo, que anunciou a morte de uma mulher de 30 anos, após consumir vodca contaminado por metanol.

De acordo com o último balanço feito pelo Ministério da Saúde, até segunda-feira, o Brasil registava 217 notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas. Dessas, 17 foram confirmadas e 200 permanecem em investigação.

O estado de São Paulo concentra 82,49% das notificações, com 15 casos confirmados e 164 em investigação. Além de São Paulo, o Paraná regista dois casos confirmados e outros 12 estados notificaram casos em investigação.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a instalação de uma Sala de Situação para monitorizar os casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica e coordenar as medidas a serem adotadas.

Em causa está a falsificação de bebidas alcoólicas para serem comercializadas.

Em entrevista à TV Brasil, o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) afirmou que o metanol importado pelo crime organizado para adulterar combustíveis pode ter sido desviado para distribuidoras de bebidas, estando na origem dos recentes casos de intoxicação em São Paulo.

Esse ter-se-á intensificado após a Operação Carbono Oculto, que em agosto desmantelou um esquema de fraude e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.

Com empresas e transportadoras ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) interditadas, acabou por ser escoado também para destilarias ilegais, denunciou o responsável.

 A partir de setembro, “pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão de bebidas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka”, disse o Governo brasileiro.