Pelo menos 19 detidos este ano por roubo de medicamentos em Moçambique 444

Pelo menos 19 pessoas foram detidas este ano por roubo de medicamentos em Tete, centro de Moçambique, estando em curso uma investigação sobre provável envolvimento de profissionais de saúde no crime.

“Para o corrente ano, contabilizámos oito casos registados na província de Tete, culminando com a detenção de 19 indivíduos envolvidos nesta prática ilícita”, disse Feliciano da Câmara, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Tete, à Lusa.

Segundo a polícia, a maioria dos casos foram registados, desde o início do ano, na cidade de Tete, capital provincial, e nos distritos de Moatize, Changara e Angónia, com diversos fármacos a serem comercializados, sobretudo em mercados.

As últimas duas detenções por envolvimento em roubo de medicamentos ocorreram no sábado, em que dois homens de 32 e 42 anos de idade foram flagrados a comercializar fármacos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) no mercado Cambinde, arredores da cidade de Tete.

“São indivíduos que foram neutralizados numa operação levada a cabo pela polícia no fim de semana com o objetivo de desmantelar locais que ainda fomentam a venda ilegal de fármacos e chegados a este ponto foi constatado em flagrante que estes indivíduos encontravam-se a comercializar uma quantidade significativa de fármacos pertencentes ao SNS”, disse o porta-voz.

A polícia avançou que os dois detidos comercializavam os medicamentos em mercados, sem condições para a conservação dos fármacos, indicando que constituíam um perigo para a saúde pública.

As autoridades policiais referiram ainda que estão a investigar casos em que acreditam estar envolvidos funcionários do SNS que alegadamente retiram os medicamentos das farmácias públicas, unidades sanitárias e armazéns para a comercialização no mercado informal.

O Governo moçambicano expulsou, desde janeiro, pelo menos 15 funcionários públicos do aparelho do Estado por envolvimento no furto de medicamentos nas unidades de saúde, anunciou o executivo em julho.

O roubo de medicamentos está a criar défice nas unidades sanitárias. Para combater o cenário, o Ministério da Saúde criou um sistema de denúncias de venda de medicamentos do Sistema Nacional Fora das Unidades Sanitárias”, disse na altura o ministro da Saúde, em declarações aos jornalistas.

O Presidente de Moçambique anunciou, em 30 de julho, que o país passa a usar um sistema tecnológico de rastreamento de medicamentos e produtos de saúde, cujo objetivo é precisamente travar o furto dos fármacos.

Segundo o chefe do Estado moçambicano, a iniciativa de avançar com um sistema tecnológico de rastreamento de medicamentos desde a fábrica até à cadeia de distribuição, com recurso a selo, faz parte de uma estratégia do Governo para o que chamou de “soberania sanitária”, que visa tirar o país da dependência no acesso aos produtos fármacos, sobretudo em tempos de crise, em que há escassez.