Partidos Políticos: Desmantelar o SNS e urgências hospitalares 269

O secretário-geral do PCP acusou o “quinteto do retrocesso” (PSD, CDS, Chega, IL e PS) de querer “desmantelar o Serviço Nacional de Saúde” (SNS), ironizando que a ministra da tutela é “competentíssima a executar o programa do Governo”.

“Precisamos de fixar médicos, enfermeiros e técnicos. Para isso é preciso criar as condições para os fixar. O governo só não cria essas condições porque está interessado no seu desmantelamento. Tanto lhes faz, é indiferente, se estão cinco, seis ou oito urgências fechadas, mesmo com as consequências que isso pode ter”, observou ontem Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas, a propósito da morte de dois bebés de duas grávidas que tiveram de recorrer à urgência hospitalar.

O comunista frisou, de acordo com a Lusa, que “há um limite para as coisas” e já foi atingido, notando que a ministra da Saúde “não é incompetente”, antes “leva à letra o programa do Governo, para mal do SNS, das grávidas, dos utentes”.

“O que ela está é a concretizar com grande competência o programa do governo”, frisou, em Vilar de Mouros, Caminha, distrito de Viana do Castelo, à margem da 35.ª edição do Passeio de Mulheres, organizado pela CDU/Porto.

Raimundo observa que “os acontecimentos não podem ficar à margem da responsabilidade política” e “não é preciso nenhuma morte para isso acontecer”.

“Mas de que nos vale mudar de ministra? Se mudar a ministra as urgências deixam de estar fechadas, muda a política para fixar médicos, enfermeiros e outros funcionários? Se for assim muda-se já a ministra, ontem”, afirmou.

A culpa da atual situação é do PSD e do CDS, do Chega, da IL, mas também do PS, diz o secretário-geral do PCP.

“Não vale a pena o PS chorar lágrimas de crocodilo, porque votou a favor do programa do Governo. Podia-se ter abstido, no mínimo. Mas não. Pôs as mãos, os braços, as pernas, pôs o corpo todo por baixo do Governo”, criticou.

No programa, diz Raimundo, “está lá tudo escrito, não é só as privatizações”, mas “também o desmantelamento do SNS”.

“É preciso encarar o SNS como a solução para dar resposta ao problema das pessoas. Para isso não é possível continuar a desmantelá-lo e cortá-lo aos retalhos, que é o que está a acontecer”, censurou.

Alertando para as oito urgências que estão hoje fechadas, o comunista perguntou se “os médicos desapareceram todos”.

“Não há médicos disponíveis? Porque é que o Estado não faz o que o privado faz ao Estado, que é ir buscá-los onde eles estão?”, questionou.

A RTP noticiou que uma mulher grávida de 31 semanas, em situação de risco, perdeu esta quinta-feira o bebé, depois de ter sido encaminhada para um hospital a mais de uma hora de distância da zona de residência

O Ministério da Saúde, em comunicado, negou que tenha sido recusada assistência à grávida que perdeu o bebé, assegurando que a utente foi acompanhada por um médico do INEM durante o trajeto entre o Barreiro e o Hospital de Cascais.

Na semana passada, a RTP divulgou outro caso de uma grávida de 31 semanas que terá ligado para a linha de Saúde 24, sem sucesso, e acabou por ligar para o 112, sendo acionados os bombeiros do Barreiro.

Segundo a notícia, a grávida acabou por ser transportada para Cascais porque as urgências do Hospital S. Bernardo, em Setúbal, que deveriam estar abertas, encerraram por sobrelotação, uma situação negada pelo ministério.

PS exige respostas do primeiro-ministro sobre urgências hospitalares

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, exigiu respostas do primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre urgências hospitalares na Área Metropolitana de Lisboa e em particular nas especialidades de pediatria, ortopedia e obstetrícia na península de Setúbal.

Em declarações aos jornalistas, numa escola básica de Sintra, antes da apresentação da candidatura de Ana Mendes Godinho à presidência deste município, apoiada por PS e Livre, José Luís Carneiro colocou três perguntas ao primeiro-ministro, que espera ver respondidas “nos próximos dias”.

Em primeiro lugar, o secretário-geral do PS quer saber “se o Governo já tem ou não um plano de emergência para a gestão das urgências hospitalares para a Área Metropolitana de Lisboa, para Lisboa e Vale do Tejo”.

“A segunda pergunta é por que razão é que a península de Setúbal até agora tem tido dias e semanas sem uma resposta condigna do ponto de vista da resposta particularmente à pediatria, à ortopedia e também à obstetrícia”, acrescentou.

A terceira pergunta que José Luís Carneiro quer ver respondida pelo primeiro-ministro é sobre “a notícia da parte do Governo de que ia colocar quatro meios aéreos em apoio da emergência hospitalar, quatro helicópteros”.

“Soubemos, neste fim de semana, que apenas um desses helicópteros estará a operar. A pergunta é por que razão esses quatro meios aéreos que viriam em reforço da emergência hospitalar não estão a responder às necessidades da emergência hospitalar e continuamos a assistir a este quadro lamentável e triste de vermos as mães a perderem os seus bebés por falta de resposta condigna”, disse.

Interrogado sobre a manutenção ou não em funções da atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, José Luís Carneiro contrapôs, como especifica a Lusa, que o primeiro-ministro tem o dever de responder “o que é que falta à ministra da Saúde”.

“Faltam meios humanos, faltam meios financeiros? Ele já se inteirou, procurou-se inteirar do que é que está a faltar para corresponder àquilo que é uma necessidade urgente?”, questionou.

Segundo o secretário-geral do PS, o primeiro-ministro “criou várias expectativas sobre as respostas nesta área vital”, há um ano, “e até agora ninguém conhece um plano de resposta à emergência hospitalar em três áreas que são vitais: obstetrícia, pediatria e ortopedia”.

O INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), o SNS24, as mães querem saber onde se podem dirigir e não sabem onde se podem dirigir. Isto é inaceitável na resposta pública do Estado que assumiu e que procura garantir uma resposta numa área tão vital à nossa vida coletiva. Nós não podemos, enquanto comunidade, assistir de ânimo leve a isto que está a acontecer”, criticou.

BE: Governo deu prioridade à imigração no lugar da saúde e habitação

A coordenadora do BE criticou no sábado a prioridade dada pelo Governo às alterações às leis da nacionalidade e imigração no início do mandato em detrimento da resolução dos problemas do Serviço Nacional de Saúde, clima e habitação.

De acordo com Marina Mortágua, durante os últimos dois dias a “prioridade do Governo” não foi “descer o preço das casas, resolver o problema das urgências, proteger os mais idosos da onda de calor”, mas sim a lei da nacionalidade.

A responsável política falava em Ponta Delgada na sessão de encerramento da Convenção do BE/Açores, onde António Lima foi reconduzido na liderança da estrutura regional pela terceira vez.

“É a proposta de lei número um. Foi o primeiro Conselho de Ministros desse Governo, dificultar o acesso de crianças da China que vivem em Portugal à cidadania portuguesa”, afirmou, citada pela Lusa.

A coordenadora do Bloco acusou o executivo de “andar atrás da agenda da extrema-direita”.