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OMS: Mundo faz pouco para combater mau uso de antibióticos

29 de Abril de 2015

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje que o mundo faz pouco para combater o mau uso dos antibióticos, aumentando a resistência e permitindo que doenças tratáveis resultem em morte.

No primeiro estudo sobre a resposta dos países ao problema da resistência antimicrobiana – quando os micróbios se tornam insensíveis aos medicamentos – a OMS sublinhou «desvios enormes» nas seis regiões do mundo.

«Trata-se apenas do maior desafio atual em relação às doenças infeciosas», considerou Keiji Fukuda, diretor-geral assistente para a segurança sanitária.

«Todos os tipos de micróbios, incluindo numerosos vírus e parasitas, tornam-se resistentes aos medicamentos», explicou, manifestando uma especial preocupação relativamente às bactérias cada vez menos tratáveis com os antibióticos disponíveis.

No ano passado, a OMS emitiu um aviso sobre a questão, considerando que o mundo se dirigia para uma «época pós-antibióticos», na qual é possível morrer de infeções ditas banais ou de ferimentos ligeiros.

Desde então, a organização realizou este estudo em 133 países sobre a resposta à resistência aos medicamentos antimicrobianos para a pneumonia, tuberculose, malária e VIH (Vírus de Imunodeficiência Humana).

O relatório, citado pela “Lusa”, apresenta dados regionais e não por país. Apenas 34 dos 133 países têm em vigor uma política para lutar contra a resistência aos antibióticos. Um dos problemas é a venda livre dos antibióticos sem receita médica muito praticada em todo o mundo.

A contrafação e a má qualidade são também causas destes problemas, em particular com medicamentos que não contêm a quantidade suficiente de ingredientes ativos.

Este é o caso de África «onde se trata de um problema geral», sublinhou o documento, lamentando que apenas tenham respondido ao relatório oito países africanos.

Vários países não publicaram protocolos de tratamento, o que leva a uma utilização excessiva de medicamentos pelos médicos e pelo público. «O uso exagerado e inapropriado de medicamentos antimicrobianos acelera o surgimento de micro-organismos resistentes», afirmou o estudo.

«A situação é alarmante», prosseguiu o relatório, notando que o público, mesmo na Europa, não está consciente do problema e continua a acreditar que os antibióticos podem ser usados contra infeções virais, o que não é verdade.