Já ouviram falar de um fim de semana perfeito? Passo a explicar: MotoGP, Aniversário, Final da Liga das Nações. Para quem gosta de futebol, de desportos motorizados (em especial de duas rodas) e de festa, é difícil pedir mais.
Neste passado fim de semana tive oportunidade de ir até Alcañiz, próximo de Saragoça na comunidade de Aragão em Espanha. O propósito era disfrutar de uma experiência fantástica…e assim aconteceu!
O convite da IRTA (International Road-Racing Teams Association) deu-me acesso a tudo, muito para além dos acessos VIP que por vezes vão aparecendo. Aceder a tudo é isso mesmo, para aqueles que sabem o que a IRTA faz. Estar ao lado dos comissários de pista, acesso ao paddock, possibilidade de nos movermos integralmente por toda a pista. Se por um lado o acesso VIP nos garante muito conforto, para quem gosta da modalidade o resto é o mais importante, ou seja, saber como fazem, como organizam, conhecer a “besta” por dentro. Em resumo, como se põe uma orquestra de 2000 pessoas a tocar de forma perfeita e com tudo o que um pseudo VIP tem direito.
No final dos 3 dias percebemos várias coisas: A estrutura não apareceu por lá por magia e não vai aparecer por magia igualmente em Mugello no dia 21 de Junho e nos seguintes fins de semana de provas. É uma máquina perfeitamente oleada.
Durante todo o fim de semana, fui confrontado com a ideia de que uma corrida de MotoGP é uma poderosa analogia para compreender a gestão empresarial, destacando especialmente três áreas fundamentais: organização, planeamento e execução.
Começando pela organização, impressionou-me profundamente a magnitude do trabalho envolvido na preparação deste evento. Muito antes de as motos entrarem em pista, centenas de pessoas trabalharam arduamente para assegurar que tudo esteja perfeitamente organizado. Desde a logística do transporte dos equipamentos das equipas e dos materiais promocionais, até ao acolhimento dos milhares de adeptos, todos os elementos são coordenados com uma precisão notável. Nos 3 dias em que decorreu a prova, tive oportunidade de almoçar no site da Alpinestars com um fantástico cozinheiro italiano. A comida (surpresa, pasta!) é apenas um exemplo mais de como nada é deixado ao acaso. A melhor pasta que comi até hoje!
A disposição dos espaços, a gestão dos acessos ao circuito, os horários rigorosamente cronometrados, tudo é estruturado meticulosamente. Esta dimensão organizacional encontra um paralelo evidente na gestão empresarial: tal como num evento MotoGP, as empresas que prosperam são aquelas que compreendem a importância de uma organização clara, eficiente e bem estruturada. A capacidade de antecipar necessidades e resolver problemas antes que surjam é essencial tanto numa corrida como num contexto empresarial.
Em segundo lugar, o planeamento desempenha um papel crítico. A cada momento no paddock é evidente que nada acontece por acaso. Desde os treinos livres às sessões de qualificação e, finalmente, à corrida, cada passo é cuidadosamente planeado e preparado com muita antecedência. As equipas técnicas trabalham incessantemente em simulações, ajustando configurações e testando diferentes cenários para garantir que tudo corra na perfeição no momento decisivo. Analogamente, na gestão empresarial, a preparação rigorosa, apoiada por análises detalhadas e uma antecipação estratégica, permite que as empresas possam reagir rapidamente às oportunidades e desafios que surgem no mercado. O planeamento é assim um elemento crucial não apenas para a eficiência operacional, mas também para alcançar vantagens competitivas sustentáveis.
Por fim, a execução é o verdadeiro teste de fogo, tanto nas corridas como nas empresas. Independentemente da excelência do planeamento, sem uma execução rápida e precisa, as empresas não conseguem atingir os objetivos propostos. Da mesma forma que um pequeno erro numa curva pode custar uma vitória no MotoGP, falhas operacionais numa empresa podem significar perdas significativas (efetivas ou em oportunidades futuras).
Um exemplo claro, para aqueles que seguem a modalidade, é o exemplo de Marc Marquez. Tem a melhor mota? Sim…mas o seu companheiro de equipa também a tem e os resultados estão longe de serem comparáveis. Quero com isto dizer que termos todos os recursos mas não sabermos a melhor forma de extrair os melhores resultados impacta (e muito) a execução.
A experiência única que vivi no MotoGP de Aragão permitiu-me perceber claramente que as empresas de sucesso operam sob princípios semelhantes aos que observei na pista: organização rigorosa, planeamento detalhado e execução impecável. Tal como numa corrida, onde cada membro da equipa desempenha um papel fundamental, também nas empresas a cooperação, a clareza de funções e a comunicação eficaz são decisivas.
Não se tratou apenas de uma fantástica experiência desportiva, mas também uma valiosa lição sobre o que significa realmente gerir com eficácia, visão e precisão.
Mas, como em tudo na vida, não mal que sempre dure nem bem que nunca acabe! Depois de apagar as velas no dia 8, o foco estava na final da Nations League! Que melhor forma há de comemorar um troféu que não em casa do adversário?
João Carlos Serra Commercial Operations Director & Senior Healthcare Consultant HCO, Industry Investors and Pharma




