Movimento cria vídeo que desafia estereótipos sobre a paralisia cerebral 285

Um movimento de 10 parceiros internacionais, liderado pela Fundação FightTheStroke, lançou um vídeo para desafiar estereótipos sobre a paralisia cerebral, recorrendo a exemplos que mais do que chocar pretendem alertar consciências.

Criada em colaboração com a agência criativa DUDE:Milan e sob o patrocínio da Fundação Cariplo, da International Cerebral Palsy Society, da Cerebral Palsy Europe e da European Academy for Childhood-onset Disability, a campanha pretende ampliar a voz das pessoas com paralisia cerebral e desafiar os estereótipos associados a esta condição, revelou à Lusa o vice-presidente da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), Fábio Guedes.

Muitas vezes o obstáculo não está na condição da pessoa, mas sim no estigma e nas barreiras atitudinais de quem o rodeia”, explicou o responsável da APPC, que é a parceira portuguesa no projeto.

A campanha, denominada ‘Mais do que Paralisia’, foi lançada na quinta-feira, sendo que hoje assinala-se o Dia Mundial da Paralisia Cerebral 2025.

“Apesar de ser a forma mais comum de deficiência física na infância, a paralisia cerebral continua a ser uma condição pouco conhecida e sub-representada no mundo da comunicação sobre deficiência. O objetivo da campanha é aumentar a consciencialização pública”, lê-se no comunicado dos promotores.

O ator e dramaturgo escocês com paralisia cerebral Jack Hunter é a voz na campanha, que “é apresentada em formato multilingue para chegar ao maior número de pessoas”, assinalou Fábio Guedes.

A inspiração para a campanha nasceu do título do poema de Hunter “Tens de ser audaz para ter Paralisia Cerebral”, assinala a publicação, indicando que o objetivo “foi descrever a paralisia cerebral em diferentes fases da vida, da forma mais honesta e crua possível”.

Entre as histórias relatadas há desde os desafios dos exercícios de reabilitação (mesmo os mais simples, como apertar os atacadores, que podem levar à frustração), até lidar com a menstruação na adolescência e à dificuldade de inserir um tampão com metade do corpo sem resposta, desde um jovem que estudou e continua a estudar para se tornar médico; até Mario, filho dos dois fundadores da fundação e inspiração para a sua missão, que foi vítima de bullying por causa da sua ‘mão morta’, assinala o comunicado.

A escolha dos protagonistas da campanha respeita o princípio da diversidade nas múltiplas condições da paralisia cerebral (hemiplegia, diplegia, tetraplegia), nas diferentes origens geográficas, idades e géneros, acrescenta a publicação.

O filme foi realizado pelo Broga Collective, um grupo de cineastas que adotou uma abordagem de estilo documental e multimédia, misturando fotografias e vídeos para transmitir a natureza “corajosa” de cada história com um realismo delicado. A banda sonora original, composta por Tommaso Porro, tem o objetivo de acompanhar as imagens e a voz de Jack Hunter com a mesma aspereza das suas palavras, lê-se ainda.

O vídeo está disponível em todos os canais digitais da FightTheStroke, e dos parceiros internacionais, entre os quais a APPC (Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok, YouTube e no site dedicado).