Legislativas: Montenegro diz que Saúde está melhor, mas partidos discordam 690

O primeiro-ministro afirmou que a situação na Saúde é melhor do que há um ano atrás, reagindo às críticas do líder do PS, que referiu que agora há mais serviços de urgência encerrados do que no ano passado.

“Há um ano atrás a saúde estava pior do que está agora. Não quer dizer que agora esteja bem, nós sabemos que há muita coisa para fazer”, disse Luís Montenegro, após cruzar a meta da caminhada dos cinco quilómetros, uma das provas da 5.ª edição da Maratona da Europa, que se realizou ontem em Aveiro.

Questionado pelos jornalistas sobre a situação na saúde, Montenegro referiu, segundo a Lusa, que o Governo tem vindo a trabalhar para resolver um problema com muitos anos, realçando que atualmente “espera-se menos tempo para ter uma consulta e para ter uma cirurgia e também há menos urgências fechadas do que havia há um ano atrás, nas mesmas circunstâncias”.

“Isto não quer dizer que está tudo bem, mas quer dizer que nós estamos a resolver os problemas à medida que o tempo nos permite que eles sejam resolvidos. Agora, não nos podem exigir que façamos em 11 ou 12 meses aquilo que outros não fizeram em mais de 20 anos. Não foram só os oito anos que nos antecederam, o PS governou 22 dos últimos 30 anos”, observou.

Montenegro disse ainda que espera que os portugueses tenham sentido de justiça de fazer uma apreciação sobre aquilo que cada um foi capaz de fazer no seu período, adiantando que o juízo será feito na campanha eleitoral e depois culminará no dia das eleições.

 

Livre: “Situação de degradação”

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, afirmou que a saúde em Portugal está pior com o Governo de Luís Montenegro e defendeu mais investimento público no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Questionado pelos jornalistas se a saúde estava pior com o Governo do primeiro-ministro, Rui Tavares afirmou que sim, pela atual “situação de degradação”, que não foi invertida, como prometido pelo atual Governo.

O responsável falava, ontem, como refere a Lusa, no lançamento da candidatura pelo distrito de Leiria às Eleições Legislativas de 18 de maio quando referiu que o Governo prometeu “que em 60 dias ia ter uma solução para o Serviço Nacional de Saúde”.

“Se a tivessem tido, mesmo que fosse só no papel, uma solução que fosse credível, neste momento a degradação estava a ser invertida”, acusou.

Ao ser confrontado com a informação de que havia urgências encerradas em Leiria, o porta-voz do partido apontou que a solução passa por mais investimento público no SNS, que “é aquilo que tem faltado desde há praticamente duas décadas”.

Para Rui Tavares, há algum aumento no investimento público, nomeadamente nos mandatos precedentes, mas que não chega para acompanhar o que são as maiores responsabilidades, os maiores gastos que o Serviço Nacional de Saúde tem.

“Ainda por cima quando se vive uma situação que, ao contrário do que diz a lei, é praticamente de concorrência com os privados, de uma concorrência desleal”, acrescentou.

Entre as propostas apresentadas pelo Livre, o também cabeça de lista pelo círculo de Lisboa destacou o programa Regressar Saúde, “equivalente ao Regressar que já existe, mas dirigido especificamente a profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, técnicos de várias especialidades que têm saído do país ou que têm saído do SNS”.

 

PCP: Saúde só está melhor na “clinicazinha” de Montenegro

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que “é preciso penalizar” os partidos responsáveis pelo fecho de urgências hospitalares e ironizou que, se o primeiro-ministro acha que a saúde está melhor, deve ser na sua “clinicazinha”.

Questionado pelos jornalistas no final de um almoço da CDU comemorativo dos 51 anos do 25 de abril, ontem, em Serpa, no distrito de Beja, sobre o atual estado da saúde face há um ano, o líder do PCP optou pela ironia aludindo a declarações prestadas hoje pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

“Há uma coisa que eu tenho que reconhecer, o fim de semana passado fecharam 19 urgências, este fim de semana só fecharam 15”, comparou, citado pela Lusa.

Como referido, Em Aveiro, Luís Montenegro afirmou que há um ano, antes do executivo da AD ser eleito, “a saúde estava pior do que está agora”.

A estas garantias do chefe do Governo, Paulo Raimundo respondeu em Serpa com ar sorridente: “O primeiro-ministro diz que está melhor do que há um ano, está melhor, está melhor claro. O número de utentes sem médico de família baixou ou não? Ah, não, aumentou, é verdade”.

O secretário-geral do PCP contrapôs que “as urgências [hospitalares] continuam a fechar, os custos cada vez são maiores”.

A saúde, por isso, insistiu na ironia, “está melhor” para o primeiro-ministro, mas deve ser “na clinicazinha dele, na vida [dos portugueses] está pior, bem pior”.

Na sua intervenção no almoço comemorativo Paulo Raimundo também defendeu que “é preciso penalizar os partidos responsáveis por todas e cada uma das oito urgências que estão hoje encerradas no país” e “por todas e cada uma das sete que estiveram encerradas ontem [sábado]”.

Assim como, continuou, “os partidos responsáveis [pelas] 19 urgências no nosso país que estiveram encerradas no fim de semana passado.

O líder comunista insistiu ainda na penalização dos “partidos das mentiras” e que “vendem ilusões à juventude”.

“Essas soluções cor-de-rosa, azul às bolinhas dos unicórnios para aqui, dos unicórnios para ali, unicórnios que, tal e qual como sabemos, nada têm a ver com a realidade”, afirmou.

Isto porque a realidade da vida dos jovens é marcada pelos baixos salários: “É isso que é preciso resolver, é a precariedade que é preciso combater”, argumentou apelando aos jovens para que “tomem nas mãos as suas vidas, tomem nas mãos os seus direitos, deem um murro na mesa, provoquem um sobressalto”.

A penalização dos “partidos papagaios, aqueles que falam tudo e tudo, mas para que tudo fique na mesma” foi outra das bandeiras defendida por Paulo Raimundo que apelou ao voto na CDU, tanto nas eleições legislativas de 18 de maio, como nas autárquicas deste ano.

 

Chega: Ventura acusa primeiro-ministro de ignorar problemas das urgências

O presidente do Chega acusou ontem o primeiro-ministro de falar do setor da saúde como se estivesse tudo bem, num dia em que estão fechados sete serviços de urgência nos hospitais da região de Lisboa.

“O primeiro-ministro acha que está tudo bem, que pode falar da saúde como se estivesse num bom momento. E eu queria recordar que hoje, domingo, estamos com sete urgências fechadas novamente, algumas delas aqui neste distrito, a maior parte na área de Lisboa e Vale do Tejo, novamente sem prestar serviço às pessoas”, disse, segundo, André Ventura durante uma arruada em Sesimbra, no distrito de Setúbal.

“Eu não sei se o Luís Montenegro vive neste país real. E era bom perguntar-lhe se ele de facto já se deslocou a um serviço de saúde para ver o que lá se está a passar, ou se já se deslocou a um desses que têm as portas fechadas e onde tem de se ligar antes de ir para lá para ser atendido. Se há coisa que não está bem, nem melhor em Portugal, é a saúde”, acrescentou André Ventura, desafiando o primeiro-ministro a “colocar a mão na consciência”.

Acompanhado por mais de uma centena de apoiantes, André Ventura salientou ainda que mais de 80% dos doentes oncológicos ultrapassam os tempos máximos de espera permitidos para a primeira consulta e defendeu que é necessário substituir o atual governo por um governo do Chega para resolver o problema da saúde.

“Nós quando temos um governo mau, não é substituí-lo por outro mau que nós resolvemos o problema. Quando nós temos problemas na saúde e alguém herda esses problemas e não os resolve, e depois vem dizer, mas o outro também já estava mal, então é sinal de que nem um nem outro estão preparados para ser primeiro-ministro novamente, é sinal de que nem um nem outro conseguem resolver os problemas da saúde”, defendeu.

Na opinião de André Ventura, as soluções propostas pelo PCP e BE para a saúde também não resolvem o problema, como se verificou durante o governo da gerigonça, liderado pelo PS, que teve o apoio daqueles dois partidos de esquerda.

“O PCP, como o Bloco de Esquerda, o Livre, mas sobretudo o PCP e o Bloco de Esquerda, tiveram durante quatro anos a possibilidade de influenciar decisivamente a saúde em Portugal. Resultado: mais de um milhão de pessoas sem médico de família, mais de um milhão de pessoas sem médico de família, mais de 50% de aumento nos tempos de espera, o PCP não tem nenhuma moral, como o Bloco não tem para falar disto”, justificou André Ventura.

 

BE: SNS não está melhor do que há um ano

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou ontem que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está melhor do que há um ano, contrariando a afirmação de Luís Montenegro, que acusou de olhar o país de cima.

“Luís Montenegro ainda hoje conseguiu dizer que acha que o SNS está melhor hoje do que estava há um ano: achas mesmo que o SNS está melhor? Achas que a consulta é mais fácil, que a cirurgia é mais fácil, que esperas menos tempo? Achas mesmo que isso não tem nada a ver com os recursos que estão a ser drenados do SNS para o privado, para alimentar os lucros do privado todos os dias?”, questionou.

Mariana Mortágua esteve, segundo a Lusa, no jardim da Sereia, em Coimbra, na festa Mudar de Vida, a primeira da campanha da candidatura do BE de Coimbra às próximas eleições legislativas, que tem Miguel Cardina como cabeça de lista.

Ao longo da sua intervenção, a líder do BE perguntou aos presentes se o facto de o SNS não estar melhor não terá a ver com “o grupo que o PSD pôs dentro do SNS para saquear o SNS e entregar partes ao privado, para fazerem mais e mais lucro, mais e mais negócio”.

“Achas mesmo que quem olha para o país a partir dos de cima, a partir dos 5% que ganham sempre com a economia das desigualdades, vê um país desigual, vê um país em que as pessoas não conseguem aceder ao hospital, aceder à consulta, ter médico de família? Acham sempre que o país está melhor e foi o caso do Luís Montenegro ainda hoje”, referiu.

Mariana Mortágua defendeu que o BE não quer um país onde o povo disputa migalhas, sendo por isso necessário “taxar os ricos”.

“Queremos um país em que os 900 mil trabalhadores pobres tenham lugar à mesa, em que todos têm direito à riqueza que todos produzimos. Um país que tem uma economia que promove a igualdade, redistribui a riqueza e em que cada um paga a parte que é devida e que todos usufruímos disso”, concluiu.