Imigração, habitação e saúde dividiram os partidos com assento parlamentar no último debate televisivo, na RTP, no âmbito da campanha das legislativas, com múltiplas acusações, principalmente dirigidas à AD e ao PS.
Saúde
Na área da saúde, as críticas foram dirigidas quer ao governo da AD, quer aos executivos anteriores do PS, como foi o caso do liberal Rui Rocha, que ora se dirigia ao Pedro (Nuno Santos), quer ao Luís (Montenegro), relata a Lusa.
Ventura aproveitou para criticar os “três ou quatro aliens” que parecem não ter tido responsabilidades na área e garantiu que a saúde é um “dos maiores falhanços” da AD. A bloquista Mariana Mortágua defendeu um modelo público de investimento para que “sirva toda a gente” e evite chantagens dos privados.
Durante a sua intervenção, Montenegro recusou que tenha existido falhanço e enumerou melhorias em relação ao ano passado, quando passou a liderar o governo PSD/CDS, o que foi contrariado imediatamente pelo líder socialista, que defendeu designadamente maior foco na comunidade e autonomia para os gestores públicos.
Pelo Livre, Rui Tavares insistiu no programa Regressar Saúde e no reforço do modelo B nas unidades de saúde familiar, enquanto o comunista Paulo Raimundo garantiu que o maior problema do SNS é a “falta de profissionais” e a líder do PAN argumentou a favor da transferência das verbas destinadas à tauromaquia para a saúde animal.
Imigração
Na imigração, foi quase unânime a acusação de eleitoralismo devido ao anúncio do Governo da notificação na próxima semana 4.500 imigrantes, de um total de 18 mil, para abandonarem o país, ao que Luís Montenegro respondeu tratar-se de mais um passo para regulamentar a situação e dignificar as pessoas.
O presidente do Chega, André Ventura, quis responsabilizar o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, tal como o liberal Rui Rocha fez eco das críticas às decisões socialistas, designadamente a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
O líder socialista distinguiu a competência administrativa da AIMA da fiscalização no âmbito da PSP, enquanto Bloco de Esquerda e PAN recordaram como os imigrantes contribuem para 500 mil pensões e um total de três mil milhões de euros para a Segurança Social.
Paulo Raimundo, da CDU, defendeu uma união de esforços para fazer regressar os emigrantes ao país.
À margem deste debate, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, aproveitou para exigir um pedido de desculpas a Ventura “pelas pessoas que pôs no parlamento e na assembleia municipal de Lisboa, com crimes que vão desde o furto de malas ao crime informático e a prostituição de menores”. “Deveria dizer “eu envergonho-me de ter estas pessoas no parlamento””, acrescentou.
“Eu corto a direito e o Rui Tavares segura a direito”, respondeu Ventura.
Habitação
A habitação teve sobretudo como alvo o antigo ministro socialista desta área, o agora secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos defendeu-se: “Todos defenderam mais construção, o único que lançou construção pública fui eu”, admitindo que só concorda com a AD na identificação da crise.
Luís Montenegro disse que o Governo não teve tempo de provocar o efeito esperado na habitação e reconheceu que existe um problema no programa Porta 65, com atrasos nos pagamentos, mas assumiu que é necessário “atuar simultaneamente do lado da oferta e da procura”.
Enquanto Paulo Raimundo defendeu que “é preciso pôr os lucros da banca a contribuir para este problema”, Rui Tavares disse que é preciso mais habitação pública e Mariana Mortágua voltou a defender o teto às rendas.
Do lado do PAN, Inês Sousa Real falou sobre pobreza energética e da necessidade de disponibilizar as casas devolutas do Estado – medida defendida por vários partidos – e Rui Rocha saiu em defesa dos proprietários, sublinhando que o IVA da construção deve ser reduzido para 6% e descongeladas as rendas.
Já André Ventura aproveitou para criticar os partidos da esquerda ao dizer que a crise na habitação se agravou durante o governo da geringonça, em que o PS governou com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda.




