No Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, que se assinala hoje, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) alerta para a importância de sensibilizar a população – e também os profissionais de saúde – para esta doença que é, ainda, muito subdiagnosticada.
A hipertensão pulmonar “pode ser uma doença grave, pelo que é importante promover um diagnóstico precoce, educando sobre os sintomas e os diferentes tipos de hipertensão pulmonar”, referem, em comunicado, Ana Dias e Ana Cláudia Vieira, da SPP.
As médicas pneumologistas destacam que, mesmo entre os profissionais de saúde, “existe a necessidade de um maior índice de suspeição para esta doença. Há, atualmente, um atraso médio de dois anos desde o aparecimento dos primeiros sintomas até ao diagnóstico”.
“A existência de sintomas inespecíficos que são transversais a outras doenças mais comuns, como asma, doença pulmonar obstrutiva crónica ou insuficiência cardíaca; a necessidade de exames específicos, como ecocardiograma, provas de função respiratória, cintigrafia de ventilação-perfusão, entre outros que podem não estar diretamente disponíveis; a necessidade de um elevado índice de suspeição clínica – especialmente em estadios iniciais” são alguns dos desafios no diagnóstico da hipertensão pulmonar referidos por Ana Dias e Ana Cláudia Vieira e que conduzem à média de dois anos entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico da doença.
Um incorreto diagnóstico e tratamento têm impacto na redução da qualidade de vida e da esperança média de vida, além de conduzirem a uma limitação da capacidade de realizar as atividades diárias, alertam as médicas pneumologistas. “Em alguns casos mais graves, os doentes necessitam de medicação contínua e de oxigénio suplementar. É uma doença que, realmente, pode estar relacionada à ansiedade e depressão, dado o impacto emocional e psicológico associado.
Em Portugal, destacam, “existem vários centros de referência especializados na área de Hipertensão Pulmonar (como o Hospital de Santa Maria, o Hospital Garcia de Orta e o Hospital de São João). No nosso país, os doentes com hipertensão pulmonar têm acesso aos tratamentos recomendados pelas guidelines internacionais nestes centros de referência”.
Para assinalar este dia, com o objetivo de mostrar que “a hipertensão pulmonar pode ser uma doença desafiante, que muda rotinas e exige resiliência, mas que, com o diagnóstico acertado, acompanhamento médico especializado e acesso aos tratamentos adequados, é possível recuperar qualidade de vida”, a SPP divulga um vídeo com mais informação sobre esta doença e os seus sintomas e que inclui o testemunho de dois doentes com diferentes tipos de hipertensão pulmonar.
Para Ana Dias e Ana Cláudia Vieira é importante evidenciar que, perante a existência de hipertensão pulmonar, “há terapia, há esperança e, acima de tudo, há vida depois do diagnóstico”.
A doença
A hipertensão arterial pulmonar é uma doença rara e progressiva que afeta os vasos sanguíneos dos pulmões, causando um aumento anormal da pressão nas artérias pulmonares. Esta sobrecarga faz que o lado direito do coração tenha de se esforçar muito mais para bombear o sangue, o que pode levar, ao longo do tempo, a insuficiência cardíaca.
A doença manifesta-se de forma silenciosa inicialmente, mas com o tempo surgem sintomas como falta de ar, fadiga e tonturas. Assim, de acordo com as especialistas, a presença destes sinais deve servir como alerta: falta de ar, mesmo com pequenos esforços, cansaço extremo, inchaço das pernas, dor ou sensação de pressão no peito, tonturas e, por vezes, desmaios.




