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Herbicida «mais vendido em Portugal» pode causar cancro 25 de Março de 2015 As organizações da Plataforma Transgénicos Fora transmitiram hoje a sua preocupação após a declaração da Agência Internacional do Cancro que aponta para a possibilidade de o herbicida «mais vendido em Portugal», o glifosato, causar aquela doença. «A Organização Mundial de Saúde, através da sua estrutura especializada – a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro [IARC] -, declarou o glifosato (junto com outros pesticidas organofosforados) como «carcinogénio provável para o ser humano», alerta um comunicado da Plataforma, que reúne 11 entidades não-governamentais das áreas do ambiente e agricultura. Esta classificação significa que «existem evidências suficientes de que o glifosato causa cancro em animais de laboratório e que existem também provas diretas para o mesmo efeito em seres humanos, embora mais limitadas», realça a Plataforma. As organizações ambientalistas e da agricultura defendem que, não sendo as decisões ou pareceres da IARC vinculativas, cabe aos governos, nomeadamente o português, ou às entidades internacionais, avançar medidas para proteger os cidadãos. «Considerando que, este ano, o glifosato está em processo de reavaliação na União Europeia, impõe-se a coragem de proibir o seu uso antes que as consequências se agravem», adverte a Plataforma, citada pela “Lusa”. Para a organização, a situação em Portugal «é particularmente grave» pois, em 2012, foram aplicadas para fins agrícolas mais de 1.400 toneladas de glifosato, quantidade que é mais do dobro daquela registada 10 anos antes. O glifosato comercializado em Portugal é também vendido livremente para uso doméstico em hipermercados, hortos e outras lojas e é usado «com abundância» por quase todas as autarquias para limpeza de arruamentos, sendo esta uma das formas mais relevantes de exposição das populações, segundo a IARC. No ano passado, a Plataforma Transgénicos Fora já tinha desafiado os municípios a aderir à iniciativa “Autarquias Sem Glifosato”, mas até agora apenas oito freguesias e quatro câmaras assumiram esse compromisso. Um dos impactos identificados pela IARC foi entre exposição ao glifosato e o Linfoma não Hodgkin (LNH) – um tipo de cancro no sangue – e, entre 41 países europeus, Portugal apresenta uma taxa de mortalidade «claramente superior à média da União Europeia», sendo o sétimo país onde mais se morre daquela doença. A nível nacional, o LNH é o 9.º cancro mais frequente, com 1.700 novos casos por ano, segundo dados citados pela Plataforma, que reúne organizações como Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (AGROBIO), CAMPO ABERTO – Associação de Defesa do Ambiente, Confederação Nacional da Agricultura (CNA), GAIA – Grupo de Ação e Intervenção, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Proteção da Natureza (LPN) ou Quercus. |




