
Luís Lourenço volta a ser Secretário Profissional da Federação Internacional Farmacêutica (FIP), tendo o Conselho da FIP ratificado, no dia 30 de agosto, a reeleição do farmacêutico português para mais um mandato.
Ao NETFARMA, Luís Lourenço fala do significado da reeleição, da colaboração entre profissionais de saúde, de inovação e, por fim, do papel dos farmacêuticos na luta contra a resistência antimicrobiana.
– O que significa para si ser reeleito como Secretário Profissional da FIP e quais são os principais objetivos que pretende alcançar neste novo mandato?
– Sinto esta reeleição como um reconhecimento do trabalho que tenho desenvolvido ao longo dos últimos anos ao serviço da FIP. Quando servimos alguma instituição fazemos sempre o melhor que está ao nosso alcance, e que as nossas competências permitem. Sentir que a nossa dedicação é valorizada é muito gratificante e um estímulo para continuarmos o nosso trabalho.
Durante este mandato espero auxiliar a FIP a estabelecer uma nova estrutura que integra a prática, a educação e as ciências farmacêuticas a nível mundial. Trata-se da maior alteração organizacional na Federação dos últimos 50 anos, e fico muito feliz por poder contribuir para a sua concretização.
Gostaria também de fortalecer os laços entre a comunidade estudantil e de jovens profissionais com as estruturas mais séniores da Federação, assim como continuar a dar apoio às ações de capacitação na área da liderança e nas mais variadas áreas de competências técnicas farmacêuticas.
– Tendo criado um departamento de Investigação e Desenvolvimento na sua farmácia, como vê o papel da inovação na prática farmacêutica atual e futura?
– De um modo sucinto, podemos definir ‘inovação’ como a criação (ou aprimoramento) de algo novo que gera valor que, no caso da profissão farmacêutica, é um valor na qualidade de vida, prevenção da doença, tratamento ou cuidados paliativos dos utentes.
Considerando esta definição, é essencial que a prática farmacêutica continue a inovar, a encontrar novas formas de ir ao encontro das necessidades dos nossos utentes. Um dos objetivos da FIP é ser uma plataforma que promova esta inovação, não só ao nível das suas organizações membros, mas também dos nossos membros individuais.
– A colaboração entre profissionais de saúde tem sido um tema central nas suas intervenções. Que barreiras ainda persistem e como podem ser superadas para fortalecer os sistemas de saúde?
– Existem vários tipos de barreiras para o trabalho colaborativo, como as organizacionais, profissionais, educacionais, políticas e mesmo individuais.
Embora a ausência de políticas claras que incentivem o trabalho interprofissional, assim como de um modelo de financiamento e avaliação que privilegie o trabalho em equipa, sejam muitas vezes mencionadas como os principais entraves ao trabalho colaborativo, os farmacêuticos (e os outros profissionais de saúde) podem desenvolver esforços para estabelecer pontes entre si, como a aquisição de competências colaborativas (negociação, trabalho em equipa, gestão de conflitos), criar um ambiente de valorização profissional e desenvolver uma cultura profissional onde não se receie expor limitações mediante os parceiros.
– A FIP tem reforçado o papel dos farmacêuticos na luta contra a resistência antimicrobiana. Que medidas concretas estão a ser promovidas para capacitar os profissionais nesta área crítica?
– A FIP contribuiu para a preparação do Plano Global contra a resistência antimicrobiana, desenvolvido pela OMS, que contemplava o Perfil de competências dos profissionais de saúde nesta área.
Estes documentos serviram de base para a preparação dos referenciais formativos dos farmacêuticos sobre a resistência antimicrobiana, para a realização de ações formações digitais nesta área, assim como para a criação de planos estratégicos regionais sobre esta temática.




