A transição energética é hoje uma prioridade transversal a todas as indústrias, e a distribuição farmacêutica não é exceção. Sendo uma atividade altamente exigente em termos logísticos, com operações que implicam deslocações contínuas por todo o território nacional, o setor tem procurado equilibrar a eficiência do abastecimento com um compromisso real de redução do impacto ambiental. O objetivo está traçado: alcançar a neutralidade carbónica até 2040, alinhando a distribuição farmacêutica com as metas europeias de descarbonização.
Os dados são claros: 83% da pegada carbónica do setor resulta do transporte de medicamentos e produtos de saúde, um serviço que exige rapidez, segurança e condições rigorosas de temperatura e conservação. Mas, se este modelo de distribuição não existisse, a fragmentação das operações resultaria num aumento exponencial de viagens e numa emissão adicional de quase um milhão de toneladas de CO₂ por ano. Ou seja, os distribuidores farmacêuticos de serviço completo já garantem um modelo mais sustentável de distribuição, ao reduzirem o número de deslocações necessárias para abastecer farmácias e hospitais.
Mas não chega. Por isso mesmo, o compromisso da distribuição farmacêutica com a transição energética tem vindo a intensificar-se, com investimentos concretos em eficiência logística, energias renováveis e modernização das frotas. As mudanças estão a acontecer e os impactos começam a ser visíveis.
A otimização das rotas e o papel da tecnologia
A logística farmacêutica é um exercício de precisão, e qualquer melhoria na organização das rotas traduz-se numa redução direta das emissões. A otimização dos percursos das viaturas, com recurso a ferramentas de análise de dados e planeamento avançado, já permite diminuir o número de quilómetros percorridos por dia. Esta abordagem, combinada com o reforço da utilização de veículos de menor consumo energético, tem sido uma das formas mais eficazes de acelerar a descarbonização.
Além disso, o investimento na digitalização dos processos tem sido uma peça essencial para eliminar desperdícios e otimizar a eficiência energética. A redução da utilização de papel e a implementação de sistemas digitais de gestão de encomendas e faturação contribuem não só para a sustentabilidade ambiental, mas também para a racionalização dos processos internos das empresas do setor.
Energias renováveis e a modernização das infraestruturas
A aposta nas energias renováveis é outro dos pilares da estratégia de sustentabilidade da distribuição farmacêutica. As plataformas logísticas estão a ser equipadas com painéis fotovoltaicos, permitindo reduzir a dependência de fontes de energia convencionais. O compromisso com a energia proveniente de fontes sustentáveis tem sido uma prioridade, com a seleção de fornecedores certificados para garantir que a operação decorre com o menor impacto ambiental possível.
O desafio da transição para frotas mais ecológicas
A renovação da frota de distribuição é um dos desafios mais complexos para o setor. Os distribuidores farmacêuticos operam com exigências muito específicas, nomeadamente o cumprimento de prazos de entrega rigorosos e o transporte de medicamentos que requerem condições controladas de temperatura. A transição para veículos elétricos e híbridos tem avançado, mas a autonomia das viaturas e os custos elevados ainda representam obstáculos à substituição integral da frota a curto prazo.
Ainda assim, as empresas do setor estão a investir progressivamente em soluções intermédias, como a utilização de veículos de menor impacto ambiental, enquanto a tecnologia evolui para responder melhor às necessidades da distribuição farmacêutica.
Compromisso para o futuro
A transição energética da distribuição farmacêutica está em curso e não há retrocessos. O setor está consciente do impacto ambiental da sua operação e das responsabilidades que assume no caminho para a neutralidade carbónica. A sustentabilidade já não é um conceito vago, mas sim uma realidade concreta, sustentada em medidas tangíveis, investimentos estruturais e inovação tecnológica.
Os distribuidores farmacêuticos de serviço completo continuam empenhados em garantir que o abastecimento dos medicamentos em Portugal se faz com máxima eficiência e com o menor impacto possível no planeta. O caminho está definido, os resultados começam a surgir – e o setor está pronto para continuar a liderar esta transformação.
Nuno Flora,
Presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA)




