Debate político organizado pelos jovens profissionais de saúde: “Mensagem das condições de trabalho ficou no ouvido” 766

O debate político organizado pela Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde (PJPS) com o apoio do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) que decorreu ao final da tarde de terça-feira no Auditório da Associação Nacional das Farmácias (ANF), em Lisboa, juntou alguns dos partidos políticos com assento parlamentar para discutir propostas para a área da saúde partindo do recente Barómetro de Satisfação e Bem-Estar dos Jovens Profissionais de Saúde.

O que revelou o barómetro

A Convenção Nacional dos Jovens Profissionais de Saúde discutiu o barómetro que ‘tirou a temperatura’ às condições de trabalho dos jovens profissionais de saúde em Portugal. Desenvolvido em dezembro de 2024 trouxe algumas conclusões que os jovens consideram ser preocupantes: quanto ao bem-estar e equilíbrio profissional, 58 por cento referem que discordam fortemente que têm este equilíbrio na sua vida; 70 por cento já experimentaram stresse frequente ou muito frequente e só dez por cento dos jovens está satisfeito com as condições de trabalho que tem.

Quanto ao stresse, foram reportadas a falta de oportunidade de formação contínua, exigências emocionais, recursos insuficiente para a atividade e a carga de trabalho elevada. Apenas 20 dos jovens ouvidos sentem que no seu local de trabalho a sua opinião importa. Os enfermeiros e médicos em formação sentem-se particularmente ignorados pelas chefias e isto afeta a satisfação dos profissionais.

Em relação à dificuldade de retenção de profissionais de saúde, quase 70 por cento consideram emigrar. Só 36 por cento acredita que profissão tem boas oportunidades de carreira e 48 por cento não voltava a escolher a sua profissão.

Para os Jovens Profissionais de Saúde as prioridades são “criar meios formais de acesso à informação clínica, integração de abordagens multidisciplinares no ensino superior na área da saúde, investir na prevenção da doença, mapear a necessidades do sistema de saúde, autonomizar as instituições públicas para a contratação de profissionais e dedução no IRS uma proporção maior dos gastos com uma formação contínua”.

 

Confrontar com os dados

Lucas Chambel, presidente da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), faz um balanço positivo do encontro: “O nosso propósito foi criar uma plataforma para que os políticos se pronunciassem sobre a área da saúde e que os jovens pudessem confrontá-los com dados do barómetro e a convenção”.

O jovem nota queé preciso falar com os jovens profissionais e perceber quais são as suas ansiedades. Houve propostas diferentes, mas pode haver um espaço comum e para nós isso é o mais importante”.

“Os dados que apresentámos do Barómetro e as propostas da convenção são coisas que não foram negadas aqui. Qualquer que seja a política é preciso perceber que existem políticas públicas baseadas na ideologia e que há outras que vão ao encontro da responsabilidade das ansiedades dos profissionais de saúde”, rematou Lucas Chambel.

 

Posições ficaram claras

Sara Moura, da Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde considerou “um debate bem conseguido”.

“Foram citados os resultados do barómetro, o que é importante para saber que a mensagem das condições de trabalho ficou no ouvido dos futuros decisores”.

“Da parte da Plataforma ficamos satisfeitos de perceber que reunimos consenso relativamente às propostas e preocupações em resultado da última convenção dos jovens profissionais de saúde e contamos na próxima Legislatura trabalhar estas questões com os partidos Foram mencionadas algumas propostas e ficaram claras as posições de alguns partidos”, refere.

 

Apresentação de soluções

Para Leonor Quelhas Pinto, do Conselho Nacional de Juventude, era importante que este debate “fosse informado, mas também que apresentasse problemas e soluções para a juventude na área da saúde”.

Segundo a jovem, “também se falou na habitação e o balanço entre a vida profissional e pessoal outros fatores determinantes para a saúde. Foi mais uma oportunidade para os jovens apresentarem os resultados do seu barómetro e as propostas da primeira convenção nacional dos jovens profissionais de saúde”.