Congresso FIP: Farmacêuticos devem colocar as pessoas no centro da sua prática 567

Os farmacêuticos devem colocar as pessoas no centro da sua prática para otimizar o uso de medicamentos e melhorar os resultados em saúde, de acordo com uma nova declaração divulgada hoje pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP), que vem substituir a original de 1998 sobre cuidados farmacêuticos e reflete a evolução do papel dos profissionais de farmácia como prestadores de cuidados de saúde acessíveis e na linha da frente.

A declaração, segundo explica a FIP em comunicado, define os cuidados farmacêuticos centrados na pessoa como uma prática focada em resultados, que exige que os farmacêuticos trabalhem em estreita colaboração com os doentes e outros profissionais de saúde para promover a saúde, prevenir doenças e garantir o uso racional dos medicamentos. Com base em décadas de progresso na farmácia clínica e nos processos de cuidados ao doente, a declaração enfatiza o papel do farmacêutico em todo o processo de utilização de medicamentos — incluindo a prescrição (onde permitido), dispensa, administração e monitorização.

“Os farmacêuticos têm hoje um papel cada vez mais complexo e vital nos cuidados de saúde primários,” afirmou Sherif Guorgui, presidente da Secção de Farmácia Comunitária da FIP e copresidente do comité de política, no comunicado referido. De acordo com este responsável, “em muitas jurisdições, os farmacêuticos estão na linha da frente na gestão de doenças crónicas, avaliação e prescrição para doenças menores, administração de vacinas, realização de testes no ponto de cuidado e utilização de ferramentas digitais em evolução para melhorar os cuidados ao doente. Estas funções alargadas e serviços reforçados têm demonstrado melhorar os resultados em saúde e aumentar a capacidade dos sistemas de saúde”.

Alguns requisitos

A declaração atualizada inclui recomendações para governos, decisores políticos, organizações farmacêuticas, educadores e os próprios farmacêuticos.

Alguns dos requisitos-chave para a prestação de cuidados farmacêuticos centrados na pessoa são estabelecer relações de confiança com os doentes, baseadas na empatia e na tomada de decisão conjunta, manter registos precisos dos doentes e desenvolver planos de farmacoterapia individualizados que equilibrem segurança, eficácia e custo. A declaração também apela à existência de sistemas robustos para proteger os dados dos doentes e garantir a privacidade, em conformidade com os regulamentos nacionais.

Colaboração interprofissional

A declaração reconhece a colaboração interprofissional como essencial para a prestação de cuidados de alta qualidade centrados na pessoa. Deste modo, segundo a FIP, “os farmacêuticos desempenham um papel fundamental em equipas multidisciplinares, onde a colaboração com outros profissionais de saúde contribui para cuidados mais seguros, coordenados e eficazes”. Através de protocolos estruturados de cuidados partilhados e acordos de prática colaborativa, “os farmacêuticos podem ajudar a otimizar a gestão da medicação, prevenir erros e melhorar a continuidade dos cuidados”, acrescenta.

Por isso, “a FIP apela aos governos, parceiros de saúde e à comunidade farmacêutica global para que adotem e implementem esta abordagem, permitindo que os farmacêuticos, em todos os contextos, sirvam melhor as suas comunidades e melhorem os resultados em saúde para todos”, concluiu Robert Moss, vice-presidente da FIP e copresidente do comité de política.