Compromisso inédito: Pacto reforça papel do farmacêutico comunitário no sistema de saúde 566

O Pacto pela Valorização da Profissão e da Atividade do Farmacêutico, promovido pela Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), já é uma realidade.

A assinatura deste documento inédito a nível nacional e internacional reuniu no sábado passado, no Salão Nobre da Ordem dos Farmacêuticos, os representantes de sete entidades: Helder Mota Filipe, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Lucas Chambel, presidente da APJF, Helena Tertuliano, presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácias, Isabel Cortez, presidente da Associação Farmácias de Portugal, Bruno Guerreiro, presidente da Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade, e Afonso Garcia, presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia.

Créditos: APJF

“A assinatura deste Pacto é importante pelo conteúdo das suas propostas, que dão uma visão sobre as condições para o desenvolvimento da farmácia comunitária nos próximos anos, e também porque conseguiu reunir os diferentes atores responsáveis que o podem tornar uma realidade”, referiu Helder Mota Filipe ao NETFARMA. Congregou “as associações de proprietários de farmácias, o sindicato dos farmacêuticos, a Ordem, enquanto entidade reguladora da profissão, e os jovens profissionais”.

Na opinião do Bastonário, estão reunidas todas as condições para que o Pacto não seja uma lista de intenções mas se torne, verdadeiramente, “numa realidade transformadora da profissão”.

Helder Mota Filipe manifestou ainda a sua satisfação pelo envolvimento dos jovens farmacêuticos na OF: “Somos uma profissão jovem: dois terços dos farmacêuticos têm menos de 45 anos. O Pacto demonstra como os jovens têm vontade e iniciativa para liderar o futuro da profissão. Enquanto Bastonário, sinto-me muito feliz pelo facto de ‘a máquina’ que permitiu a sua realização ser Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos”.

Lucas Chambel, presidente da APJF, sublinhou que o processo de negociação “foi duro”. Nalguns pontos, “gostaríamos de ter ido mais longe, mas a verdade é que chegámos a um Pacto geral e abrangente”, que constitui “um primeiro passo fundamental e que compromete cada uma das instituições à realização de um plano de ação para o aplicar”.

Créditos: APJF

Para apoiar a discussão e a construção do Pacto, a APJF promoveu um estudo para avaliar a perceção dos farmacêuticos comunitários sobre as suas condições de trabalho e de exercício da atividade profissional, bem como a satisfação e perspetivas sobre a profissão e o setor.

As questões foram agrupadas em seis dimensões principais: remuneração ou valorização profissional; conciliação da vida profissional, pessoal e familiar; benefícios laborais; desenvolvimento profissional; exercício da profissão no estrangeiro e condições para a intervenção profissional.

Os resultados referem que “cerca de 43% dos farmacêuticos comunitários muito insatisfeitos ou insatisfeitos com a profissão”. Este número “sobe para 48% nas camadas mais jovens”.

O Pacto agora assinado, e que pretende responder às questões mais relevantes identificadas no estudo, agrega 18 compromissos. Como assinalou Ana Rita Rodrigues, vogal da APJF, “alguns traduzem-se de forma relativamente fácil: um trabalho digno, a regeneração e as condições de trabalho, a carreira e progressão, a harmonia entre a vida pessoal, familiar e profissional”.

Com o propósito óbvio do “desenvolvimento dos farmacêuticos no seu nível pessoal, profissional e social”, não se trata de um “caderno de encargos” mas “uma linha contínua de melhoria da profissão e dos nossos profissionais”, esclareceu a jovem farmacêutica.

Estudo: Maioria dos farmacêuticos comunitários não está satisfeita com a sua remuneração

O memorando de entendimento defende “ambientes de trabalho saudáveis e a criação concreta de um mecanismo que faça a monitorização dos colegas que porventura não consigam ter o cumprimento destas condições mínimas do trabalho farmacêutico”.

A atração e retenção dos farmacêuticos nas farmácias, a sua inclusão no sistema de saúde e a afirmação dos cuidados e serviços prestados nas farmácias, são outros tantos objetivos do Pacto, a par da aposta no ensino e na formação profissional. “O futuro começa nas bolsas mais jovens, os estudantes”, daí a necessidade da “adaptação dos currículos da academia à realidade profissional e às expectativas dos estudantes que estão a concluir a sua formação”.

A diferenciação dos profissionais, a formação contínua e, “acima de tudo, que este documento não se encerre hoje mas seja o princípio de um longo caminho que temos a tomar na melhoria da atividade e da profissão de farmacêutico comunitário”, foram outros pontos avançados por Ana Rita Rodrigues.

Créditos: APJF

A assinatura do Pacto foi precedida de  uma mesa redonda intitulada ‘Diálogo de gerações, tempos de mudança: novos tempos no trabalho, nas organizações e na sociedade’. Moderada por Paulo Silva, general manager da Hollyfar, a empresa detentora da Revista FARMÁCIA DISTRIBUIÇÃO, contou com a participação de Leonor Pinto, em nome do Conselho Nacional de Juventude, Rita Reis, da Merck Portugal, Miguel Lopes, presidente da ULS Alto Alentejo, e Liliana Dias, da Ordem dos Psicólogos.

A encerrar o evento, Rui Santos Ivo, presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), congratulou-se com o facto de o Pacto não ser um fim mas uma caminhada, garantindo que que no Instituto da Farmácia e do Medicamento, “estamos completamente abertos” aos contributos dos jovens farmacêuticos.