Comparticipação de Fármacos para Obesidade: APFPC não concorda com “visão simplista e limitada apenas aos custos” 716

No dia em que foi publicado o Programa Nacional de Prevenção e Gestão da Obesidade (PNPGO), dia 06 de novembro, Ana Povo disse à agência Lusa que este plano estava a ser trabalhado desde o início do ano e que, na altura, estava a ser pensada a comparticipação de alguns destes fármacos.

“Por isso, pedimos à entidade responsável, ao Infarmed, para fazer um estudo preliminar sobre o impacto financeiro da implementação desta medida, para vermos quais os ganhos para a saúde pública da população”, contou Ana Povo.

Os resultados preliminares revelaram que se se avançasse com uma comparticipação de 90% de todos os medicamentos atualmente disponíveis, o Estado gastaria dois mil milhões de euros.

Comparticipar fármacos para obesidade custaria mais do que despesa total com farmácias

Seria um “encargo para o Estado superior a toda a despesa atual de medicamentos em ambulatório”, tendo em conta as mais de 1,6 milhões de pessoas com obesidade em Portugal (cerca de 16% da população), disse à Lusa.

Na sua página de LinkedIn, a Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade (APFPC) relembra alguns dos custos da obesidade em Portugal, segundo a OCDE e a DGS: 10% da despesa total em Saúde e 3% do PIB.

Tendo em conta este cenário, a APFPC salienta que “depois temos o nosso Governo a realizar estudos, sobre os custos diretos e imediatos dos tratamentos para a obesidade”, sendo que “não podemos concordar com esta visão simplista e limitada apenas aos custos. Os tratamentos para a obesidade, quando efetuados de forma correta, e seguindo as guidelines estipuladas para os doentes obesos trazem mais ganhos em saúde e económicos, do que se não fossem efetuados. Não obstante que a aposta na prevenção é fundamental e primeiro passo para uma melhor, sendo também um investimento a médio e longo prazo”.

Deste modo, “como profissionais de saúde, defendemos a Saúde no seu todo, com o equilíbrio devido entre a prevenção e os tratamentos quando tais se justificam e são essenciais. É nossa convicção que um papel mais ativo do Farmacêutico tanto a nível da prevenção de patologias, como o seu acompanhamento, trará ganhos económicos e em saúde a toda a população, daí que defendemos uma abordagem multidisciplinar, como outros países europeus já têm em prática com resultados demonstrados”, conclui a associação

Em 2024, o Serviço Nacional de Saúde gastou 1.683,8 milhões de euros na comparticipação dos medicamentos que os utentes compram nas farmácias, segundo o último relatório do Infarmed.