A Comissão Europeia anunciou um investimento de 20 milhões de euros para financiar o desenvolvimento de pelo menos dois novos medicamentos contra a dengue, uma doença transmitida às pessoas pelo mosquito-tigre asiático.
O objetivo é avaliar a eficácia de pelo menos dois medicamentos candidatos que tenham “potencial para se tornarem tratamentos eficazes, acessíveis e disponíveis a nível global, capazes de mitigar a gravidade da infeção (dengue) e ajudar a limitar a sua transmissão”, segundo o comunicado da Autoridade Europeia para a Preparação e Resposta a Emergências de Saúde (HERA) divulgado ontem.
A HERA financiará a produção dos medicamentos, sendo que a Comissão Europeia criou a organização, em 2021, após a pandemia da Covid-19.
“Um dos medicamentos que provavelmente será testado é o novo anticorpo monoclonal (chamado Dengushield), do Serum Institute of India (fabricante de medicamentos indiano), disse a diretora da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), organização responsável pelos testes medicinais que colabora com a Comissão Europeia, Isabela Ribeiro.
A diretora disse que o segundo medicamento candidato ainda não foi escolhido.
Para o segundo medicamento, Ribeiro, segundo a Lusa, indicou que estão a ser estudadas várias moléculas, que serão antivirais.
Isabel Ribeiro indicou ainda que os testes dos medicamentos deverão começar em agosto de 2026.
A HERA prevê ainda dois ensaios clínicos de fase final em países fortemente afetados pela dengue, segundo o comunicado da DNDi.
Em resumo
A epidemia de dengue na América Latina atingiu números alarmantes em 2024, com um aumento notável de casos e mortes face ao ano anterior, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
O Brasil registou um recorde total de 6,6 milhões de casos de dengue no ano passado e pelo menos 6.239 mortes.
No Caribe, mais de 25.000 casos foram notificados, sendo a Guiana Francesa, Martinica, Guadalupe, Porto Rico e República Dominicana os mais afetados, disse a diretora assistente da OPAS, Rhonda Sealey-Thomas.
Atualmente, não existe um medicamento específico para tratar do dengue, também conhecido como “gripe tropical”, que se está a espalhar rapidamente devido às alterações climáticas e à globalização, incluindo na Europa, segundo a AFP.
A DNDi indicou que a cobertura vacinal contra o dengue continua baixa, apesar dos esforços para combater a doença.
O 9.º relatório “Lancet Countdown on Health and Climate Change” divulgado em outubro, mostrou que o potencial médio global de transmissão do dengue aumentou até 49% desde a década de 1950.
A nível mundial, cerca de 400 milhões de pessoas sofrem de dengue todos os anos.




