Coesão Territorial: O que a Distribuição Farmacêutica pode oferecer ao país 956

A distribuição farmacêutica de serviço completo é um dos pilares fundamentais na garantia da equidade no acesso à saúde em Portugal.

O modelo de operação dos distribuidores farmacêuticos assegura que todas as pessoas em território nacional, independentemente da sua localização geográfica, tenham acesso atempado e seguro aos medicamentos de que necessitam.

Trata-se de um serviço de interesse público que contribui para reduzir assimetrias territoriais e reforçar um ecossistema de saúde mais coeso e inclusivo.

Enquanto atividade de serviço completo, a distribuição farmacêutica assegura a disponibilização contínua de um vasto leque de produtos, incluindo medicamentos de utilização menos frequente, garantindo o acesso a tratamentos essenciais mesmo em situações de menor procura.

Esta abrangência é acompanhada por entregas constantes e rápidas em todo o país, com elevado rigor no cumprimento das boas práticas de distribuição definidas pelas entidades reguladoras.

Este trabalho não é necessariamente o reflexo de uma lógica de mercado, até porque os distribuidores nacionais operam alguns circuitos sem rentabilidade; mas sim uma resposta a uma missão que estas empresas e os seus profissionais concretizam diariamente: a de contribuir para um acesso justo, democrático, em tempo útil e abrangente às terapêuticas de que as populações necessitam.

Mas não nos podemos iludir: os desafios logísticos são significativos.

Esta operação é sustentada por uma rede robusta e extensa. Os seis distribuidores associados da ADIFA operam com mais de 600 veículos e percorrem cerca de 46 milhões de quilómetros por ano, assegurando mais de seis mil entregas diárias às farmácias em todo o território. No total, são distribuídas anualmente 380 milhões de embalagens de medicamentos e outros produtos de saúde.

Este esforço logístico contínuo é uma expressão clara do contributo da distribuição farmacêutica para a coesão territorial, garantindo que o acesso à saúde não depende da densidade populacional ou da proximidade a grandes centros urbanos.

Veja-se o exemplo da dispensa em proximidade de medicamentos hospitalares. Este regime, que teve início com uma fase piloto em 2024 e poderá vir a beneficiar até 200 mil utentes, para além de reduzir a pressão sobre as unidades hospitalares, melhora a qualidade de vida dos utentes, especialmente dos que vivem em regiões periféricas ou de menor densidade. Ao integrar as farmácias na cadeia de dispensa de medicamentos hospitalares, reforça-se o princípio da proximidade e aprofunda-se a equidade no acesso ao tratamento em todo o território.

A promoção da coesão territorial passa inevitavelmente pela garantia de que todas as pessoas em território nacional têm acesso aos mesmos direitos, independentemente da sua localização, e isso inclui naturalmente os cuidados de saúde.

São diversas as áreas da nossa sociedade que estão deficitárias no que diz respeito à coesão territorial e para as quais a distribuição farmacêutica de serviço completo pode servir de exemplo.

É fundamental aprofundar este esforço para promover uma sociedade mais integrada e coesa. Com uma vasta cobertura geográfica, compromisso diário e capacidade de resposta, os distribuidores farmacêuticos nacionais são uma verdadeira referência para a qual o país deve olhar e procurar seguir para assegurar um território mais equilibrado.

Assegurar a continuidade e valorização destas empresas é investir num sistema de saúde verdadeiramente próximo, eficiente e equitativo.

Nuno Flora

Presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA)