Resistir a um país de gente simpática, clima ameno, e boa comida é uma tarefa árdua a que nem a tecnologia de ponta está imune. Inteligência artificial, blockchain e machine learning vieram para ficar e podem proporcionar a toda a indústria da saúde uma oportunidade única de destaque no contexto Europeu.
Um sector dinâmico, um país com vontade
Com este sector a atravessar uma fase de mudança e, numa altura em que as novas tecnologias são cada vez mais acessíveis, existe uma oportunidade única de se posicionar estrategicamente entre os seus pares Europeus. Em termos tecnológicos, Portugal é já reconhecido em diversos sectores de atividade, por gigantes como a Google ou Amazon, que procuram o nosso país para se estabelecerem. Igualmente, iniciativas como o WebSummit e programas governamentais, como por exemplo o Startup Portugal, catalisam a existência de um ecossistema que potencia a criação de startups, inovação e dinamismo num país que tem tanto para oferecer.
Existe de facto potencial, num país como Portugal, para se destacar na Europa?
A tecnologia per se não é uma fonte de vantagem competitiva, da mesma forma que não basta uma estratégia bem delineada para se atingir inovação. Em conjunto, porém, estratégia e tecnologia, aliadas a recursos humanos capazes, podem levar longe o que inicialmente pode parecer apenas um sonho.
De um ponto de vista de recursos humanos, veja-se como as universidades portuguesas continuam a produzir excelente capital humano, nomeadamente nas áreas de investigação, engenharia, medicina e gestão. As escolas portuguesas são preferidas por muitos que, anos mais tarde, se tornam líderes de opinião, reconhecidos a nível global.
Por outro lado, apesar de ser um país pequeno em termos de população, tem uma rede de expatriados bastante qualificada, diversificada e competitiva. A grande vaga de emigração que se fez sentir no passado recente pode ser agora uma vantagem competitiva em duas frentes:
• trazer ideias novas para dinamizar o sector com aquilo que de melhor se faz lá fora, complementando o que de muito bom já existe internamente; e
• criar as pontes necessárias, com os principais decisores, que permita a entrada de cash flow e working capital para as iniciativas necessárias.
Portugal é cada vez mais conotado com novas tecnologias e continua a ser necessário um diálogo constante entre os principais intervenientes dos sectores público e privado. Um trabalho que tem de ser desenvolvido em benefício de cada um dos participantes, mas sobretudo, coordenados para o desenvolvimento comum e de Portugal.
Um caminho que se faz caminhando
Apesar do rápido avanço tecnológico com que nos defrontamos diariamente, a solução não passa seguramente por implementar tecnologias e estratégias apenas porque são novidade. Nesta fase, é muito importante uma análise profunda aos verdadeiros desafios que cada organização enfrenta, e quais as melhores soluções para responder a esses problemas.
A resolução de muitos desafios pode passar por olhar para o que se faz “lá fora” e aplicá-lo “cá dentro”, não esquecendo que a solução passa por sinergias e adaptação, em vez de pura “cópia”.
Outra medida passa pela criação de parcerias governamentais e privadas para beneficiar de know-how e fundos disponíveis, tal como a Estratégia Nacional de Empreendedorismo (o programa Startup Portugal).
Uma das grandes mudanças para este novo mundo, que não pode – nem deve – ser ignorado, é a agilidade necessária para atingir este objetivo. Para além da aposta em startups, que são por natureza ágeis e flexíveis, é importante que empresas já estabelecidas possam alavancar essa característica, nomeadamente através da criação de equipas multidisciplinares.
Finalmente, não pode haver “medo” de colaborar com outras indústrias ou mesmo com concorrentes. Isto não é novo na área da saúde, que constantemente colabora em funções de investigação e produção, e deverá ser aplicado também nas funções de tecnologias de informação e estratégia.
Portugal deve posicionar-se na “crista da onda” para maximizar esse valor. Se o nosso país tem tão grande competência nas novas tecnologias, porque não alavancá-las, e destacar-se como um dos principais parceiros europeus no sector farmacêutico?
Este debate, dinâmico e tão necessário ao ecossistema da saúde em Portugal, será o tema principal da Conferência INOFARMA.
Daniel Guedelha, INOFARMA




