A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse, ontem, que a taxa de mortalidade infantil em Portugal subiu 20% em 2024, ano marcado por vários serviços de urgências de ginecologia e obstetrícia encerrados, facto que a ministra admitiu não ser “uma boa resposta”.
De acordo com as ‘Estatísticas Vitais’ do INE, registaram-se, em 2024, 118.374 óbitos, mais 0,1% (79 óbitos) do que em 2023, dos quais 252 óbitos foram de crianças com menos de um ano (mais 42 do que em 2023), o que se traduziu no aumento da taxa de mortalidade infantil para 3,0 óbitos por mil nados-vivos (2,5‰ em 2023).
Ministra relaciona mortalidade infantil com falta de investimento dos antecessores
IL: Números preocupantes
O líder da IL pediu, ontem uma investigação às causas para o aumento da mortalidade infantil em 2024, em particular se se deveu ao encerramento de urgências de obstetrícia ou à falta de médicos de família.
Em declarações aos jornalistas após ter visitado uma empresa de produção de microalgas e sal marinho, em Olhão, distrito de Faro, Rui Rocha foi questionado sobre a notícia avançada pelo Correio da Manhã de que a taxa de mortalidade infantil em Portugal aumentou 20% em 2024.
Afirmando que não quer “fazer política e demagogia” com a questão, Rui Rocha considerou que são números preocupantes e defendeu que é preciso “perceber as causas desta situação, que é absolutamente indesejável”.
“Obviamente que não faço uma relação direta, mas é algo que deve ser investigado: se a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), das urgências sucessivamente fechadas, da ausência de médico de família para muitas mulheres, da incapacidade em muitos momentos de gravidez de fazer, por exemplo, as ecografias que são necessárias, se isto está ou não a ter um impacto na saúde maternoinfantil”, disse.
Rui Rocha reforçou, de acordo com a Lusa, que esta matéria deve “ser investigada”, mas reiterou que não quer “fazer demagogia” com o assunto.
PS: Incapacidade de assumir responsabilidade
O secretário-geral do PS manifestou ontem muita preocupação com o aumento da mortalidade infantil, acusando a ministra da Saúde de nunca assumir as suas responsabilidades nem ter soluções para o agravamento dos problemas no setor.
“Com preocupação, como é evidente. E com preocupação vemos a reação da senhora ministra. Aquilo que está bem foi responsabilidade deles, aquilo que está mal eles responsabilizam o Governo anterior”, respondeu Pedro Nuno Santos aos jornalistas durante uma arruada em Coimbra quando questionado sobre os números da mortalidade infantil de 2024 que foram hoje conhecidos.
Para o líder do PS, os responsáveis governativos não são “credíveis nem sérios” e “não se pode confiar” neles.
“Este Governo desistiu de salvar o SNS, prefere desviar recursos para o setor privado da saúde. Não é assim que vão resolver os problemas”, condenou.
Pedro Nuno Santos defendeu que o Governo de Montenegro “não tem as soluções nem sequer têm a capacidade de assumir as suas próprias responsabilidades, o que é desesperante”.
“Esta senhora ministra nunca foi capaz de dizer: sim, aqui falhámos, sim aqui não fizemos bem. Não é capaz, ao dia de hoje, de assumir um bocadinho de responsabilidades no trabalho que teve, nomeadamente no agravamento dos problemas na área da saúde”, criticou, citado pela Lusa.
CDU: País “a andar para trás”
O secretário-geral do PCP afirmou ontem, em Alpiarça, que o aumento da mortalidade infantil em 2024 é sinal de um país “a andar para trás”, defendendo que é preciso “travar” a regressão nos direitos e na qualidade de vida.
“Nós não aceitamos que o país ande para trás e que, infelizmente, sejamos confrontados com notícias do aumento da mortalidade infantil”, afirmou Paulo Raimundo, que discursava num comício em Alpiarça, no distrito de Santarém.
Segundo o secretário-geral do PCP, a notícia do aumento da mortalidade infantil em Portugal demonstra o “regredir anos e anos e anos na qualidade de vida, nos direitos das crianças, nos direitos dos pais”.
O líder comunista vincou, como avança a Lusa, que é precisamente na saúde e no Serviço Nacional de Saúde que “o país não pode mesmo andar para trás”.
“Não aceitamos que o país ande para trás. É preciso travar isto e é preciso pôr o país a andar para a frente”, disse, reivindicando para a CDU a força que “sente e vive as dificuldades tal como elas são, porque também são as suas”.




