ATTR-CM – A doença cardíaca silenciosa que afeta os nossos idosos 237

• A Cardiomiopatia Amiloide por Transtirretina (ATTR-CM) é uma doença cardíaca rara, mas potencialmente subdiagnosticada, que afeta principalmente a população idosa, incluindo muitos dos nossos avós1.

• Sintomas como falta de ar, fadiga e inchaço podem ser confundidos com o envelhecimento normal ou outras condições cardíacas, atrasando o diagnóstico.

Lisboa, 24 de julho de 2025 – No Dia Mundial dos Avós, celebrado a 27 de julho, somos convidados a honrar e valorizar a sabedoria e o carinho que os mais velhos trazem às nossas vidas. Contudo, esta data é também uma oportunidade para chamar a atenção para a saúde dos séniores. Uma condição cardíaca muitas vezes desconhecida, mas com impacto significativo, é a Cardiomiopatia Amiloide por Transtirretina (ATTR-CM). Esta doença progressiva e rara é causada pela acumulação de proteínas anormais (amiloide) no coração, levando ao seu espessamento e enrijecimento, o que compromete a sua capacidade de bombear sangue eficazmente. A forma tipo selvagem (wtATTR-CM) é particularmente prevalente em idosos, tornando os nossos avós um grupo de risco.
A natureza insidiosa da ATTR-CM reside na sua apresentação. Os sintomas iniciais, como cansaço persistente, falta de ar durante atividades rotineiras, inchaço nas pernas e tornozelos, ou mesmo problemas digestivos e dormência nas mãos, são frequentemente atribuídos ao processo natural de envelhecimento ou a outras doenças cardíacas mais comuns. Esta sobreposição de sintomas pode levar a um atraso considerável no diagnóstico, que pode demorar vários anos. Infelizmente, sem um diagnóstico e tratamento adequados, a doença progride, resultando numa deterioração da função cardíaca e numa diminuição drástica da qualidade de vida2.
É imperativo que tanto os profissionais de saúde como as famílias estejam mais atentos aos sinais e sintomas que podem indicar a presença de ATTR-CM, especialmente em idosos com insuficiência cardíaca inexplicada. O diagnóstico precoce é a chave para aceder às terapêuticas disponíveis que podem estabilizar a proteína transtirretina, abrandar a progressão da doença e, em alguns casos, melhorar os resultados clínicos. As recomendações da Sociedade Portuguesa de Cardiologia3 sublinham a importância de uma abordagem multidisciplinar e do acesso equitativo a estas terapias, reforçando a necessidade de um sistema de saúde preparado para identificar e gerir esta condição complexa.
Neste Dia Mundial dos Avós, a mensagem é clara: a idade não deve ser um fator para desvalorizar sintomas persistentes. Ao aumentarmos a consciencialização sobre a ATTR-CM, capacitamos as famílias e os cuidadores para procurarem respostas e defenderem a saúde dos seus entes queridos. Um diagnóstico atempado não só oferece esperança, mas também a oportunidade de preservar a vitalidade e a qualidade de vida dos nossos avós, permitindo-lhes continuar a partilhar o seu amor e sabedoria por muitos mais anos.

Referências
1. https://www.cardio365.pt/saber/attr-cm-o-que-e-sintomas-e-tratamentos/
2. https://www.bayer.com/en/pharma/transthyretin-amyloid-cardiomyopathy
3. https://www.revportcardiol.org/pt-portuguese-recommendations-on-transthyretin-amyloid-articulo-S0870255125000241