
Uma pesquisa realizada em 22 países europeus revela que médicos de família e farmacêuticos continuam a ser os profissionais de saúde mais confiáveis no setor, muito à frente do Google, da Inteligência Artificial e dos influenciadores de saúde online.
44% dos europeus consideram o seu sistema “injusto”
Segundo o ‘STADA Health Report 2025’, apresentado ao público no passado dia 26 de junho, em Berlim (Alemanha), apenas metade dos inquiridos (51%) se sente confortável em afirmar que no seu país todos têm acesso igualitário aos cuidados e serviços médicos, e 44% chegam a considerar o seu sistema “injusto”.
Mesmo nos países com maior satisfação geral com a saúde, como a Bélgica e a Suíça (81% cada), há uma lacuna significativa em relação à justiça, sendo que apenas 63% e 68%, respetivamente, acreditam que o sistema de saúde do seu país seja justo. Além disso, apenas 15% dos europeus acreditam na capacidade do sistema de saúde do seu país para fornecer os cuidados necessários em caso de doenças graves.
Europeus confiam nos médicos e nos farmacêuticos
A confiança nos profissionais do sistema de saúde continua, contudo, forte. Médicos de família (69%) e farmacêuticos (58%) continuam a ser os profissionais de saúde mais confiáveis no setor, muito à frente do Google (20%), da Inteligência Artificial (15%) e dos influenciadores de saúde online (11%).
Embora a confiança na Inteligência Artificial ainda não esteja amplamente disseminada, a recetividade à tecnologia tem crescido constantemente. Hoje, 39% das pessoas já consideram como válida a ideia de recorrer à IA para conselhos médicos em vez de visitar um clínico.
Os dinamarqueses (48%) e os suecos (47%) são os mais abertos a essa ideia. Outros 25% dizem que esperam consultar a IA, no futuro, quando a tecnologia estiver mais madura. Em toda a Europa, as pessoas indicam principalmente a maior acessibilidade e disponibilidade como as principais razões para sua abertura à IA – 49% afirmam mesmo que esses são grandes benefícios.
Além disso, 45% acreditam que a IA pode tornar o acesso e o atendimento mais conveniente e eficiente em termos de tempo, uma vez que poderia reduzir a necessidade de consultar um médico para doenças menos graves ou complicadas.
No entanto, a interação pessoal continua a ser um fator decisivo para a confiança em questões de saúde, transformando médicos e farmacêuticos em facilitadores do autocuidado. Cerca de 40% dos europeus mencionam o aconselhamento que recebem das equipas de farmácias como uma razão essencial para visitar, com frequência, as farmácias comunitárias. Consideram ainda as farmácias como um ponto único e conveniente para todas as suas necessidades de saúde (30%) e valorizam os relacionamentos pessoais com os funcionários (28%).
Ambição vs. realidade no estilo de vida saudável
Em toda a Europa, a consciencialização sobre a importância da saúde e da vida saudável é real e forte e 96% dos inquiridos afirmam que um estilo de vida saudável é importante.
Neste contexto, 72% dos europeus integram regularmente nas suas vidas hábitos de prevenção em saúde, como exercício físico, suplementação e alimentação saudável. Dois terços dos europeus que responderam ao inquérito (66%) dizem fazer algum ou todos os exames de rastreio e de prevenção de doença, o que reflete uma subida de 5 pontos percentuais em comparação com 2023.
No entanto, embora quase todos os europeus desejem manter uma vida saudável, apenas metade (51%) acredita que consegue concretizar essa vontade. Os espanhóis avaliam o seu estilo de vida como o mais saudável (68%) e, de acordo com os dados do Eurostat, também possuem a maior expectativa de vida do Continente Europeu.
Um dos principais obstáculos para levar uma vida mais saudável é a falta de motivação, apontada por 41% dos entrevistados. No entanto, este não é o único obstáculo: pressões financeiras e mentais também desempenham um papel importante ao dificultar a manutenção de um estilo de vida saudável.
Circunstâncias financeiras impedem a vida saudável
Um padrão recorrente no Health Report 2025, segundo salientado em comunicado, é que a saúde mental e as circunstâncias financeiras são fatores que criam barreiras adicionais para o estado geral de saúde dos europeus.
Aqueles que se preocupam com o dinheiro têm mais dificuldade em levar uma vida saudável (36%), do que os que são financeiramente mais estáveis (58%). As pessoas com problemas económicos e financeiros estão geralmente menos satisfeitas com seu sistema de saúde (48%) e têm mais dificuldades em acreditar no autocuidado em caso de doença grave (47%), do que aquelas que não se preocupam com o dinheiro (63% e 64%, respetivamente).
Saúde mental como um grande inibidor da saúde
A relação entre dificuldades financeiras e mentais é indiscutível. Os que vivem em dificuldades financeiras diárias têm muito maior probabilidade de sofrer de burnout (72%) e são menos propensos a descrever sua saúde mental como “boa” (49%), em comparação com aqueles que se sentem financeiramente seguros (62% e 72%, respetivamente).
No geral, 64% dos europeus descrevem sua saúde mental como “boa” – especialmente na Roménia (84%), Bulgária (80%), Sérvia e Suíça (74%), além de França (71%). Ainda assim, dois terços (66%) já experimentaram sintomas de burnout pelo menos uma vez.
As mulheres (71%) e as pessoas com menos de 35 anos (75%) são particularmente afetadas. Pessoas que enfrentam desafios de saúde mental têm três vezes menos probabilidades de afirmar que vivem de forma saudável (19%) do que aquelas com boa saúde mental (62%).
Estes dados reforçam o pedido por sistemas de apoio mais eficazes: a representação igualitária da saúde mental e física poderia ser um primeiro passo na direção certa.
Peter Goldschmidt, CEO da STADA, em comunicado, realça que, “em relação à saúde física e mental, o STADA Health Report oferece dados valiosos sobre questões relevantes de saúde, estimulando o debate entre as partes interessadas do setor, incluindo a Comunicação Social”.
Neste sentido, “ao reconhecer e antecipar as tendências que estão a moldar o futuro dos cuidados de saúde, esta pesquisa fornece os indicadores necessários para responder da melhor forma às necessidades dos pacientes”, conclui.