A ferritina, marcador essencial para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro 175

Amanhã assinala-se o Dia Nacional da Anemia, uma jornada dedicada a sensibilizar para a importância de diagnosticar e tratar esta doença. A deficiência de ferro ocorre quando as necessidades do organismo ultrapassam o seu aporte natural. Com o tempo, esta deficiência pode levar o corpo a produzir menos glóbulos vermelhos saudáveis, originando anemia por deficiência de ferro. O Anemia Working Group Portugal (AWGP), com a colaboração da CSL, apresenta a campanha “A Minha Vizinha Ferritina”, que destaca a importância desta substância no diagnóstico da deficiência de ferro.

A ferritina é uma proteína essencial responsável por armazenar o ferro no interior das células e libertá-lo quando o organismo necessita[i]. A sua função permite manter um equilíbrio adequado deste mineral, indispensável para a produção de glóbulos vermelhos e o transporte de oxigénio no sangue. Quando os níveis de ferritina diminuem, isso significa que as reservas de ferro do organismo estão a esgotar-se, o que pode conduzir a uma anemia por deficiência de ferro. Por isso, medir a ferritina é fundamental para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro no organismo e para prevenir complicações associadas[ii].

O AWGP, a propósito da comemoração do Dia Nacional da Anemia no dia 26 de Novembro, promove iniciativas de divulgação e de formação sobre anemia e ferropénia, quer sejam as suas reuniões bienais (a próxima será o Anemia 2026), quer sejam outras ações como a publicação de artigos e divulgação nas redes sociais e órgãos de comunicação social. De facto, no Estudo Empire, publicado em 2016[iii] e representativo da população portuguesa, o AWGP identificou uma prevalência de anemia na população adulta portuguesa de 19,9% e de ferropénia (deficiência de ferro) na ordem dos 31,9%, sendo as mulheres as mais afetadas e particularmente as grávidas com valores de anemia na ordem dos 38 a 54% e de ferropénia na ordem dos 63 a 95%.

“O alerta para a determinação da ferritina é, pois, fundamental para a podermos corrigir os seus sintomas, para evitarmos as situações de anemia e para cumprir a estratégia clínica denominada Patient Blood Management (PBM) que permite reduzir significativamente a necessidade de transfusões sanguíneas, de tempos de internamento hospitalar (incluindo nas Unidades de Cuidados Intensivos), de infeções associadas aos cuidados de saúde, de mortalidade, etc. E tudo isto pode começar na determinação da ferritina”, explica o Dr. João Mairos, presidente do AWGP.

A campanha “A Minha Vizinha Ferritina” incentiva a população a prestar mais atenção à sua saúde, personificando a ferritina — a proteína que armazena o ferro no organismo — numa vizinha atenta que repara quando algo muda e avisa antes que seja tarde. Com esta abordagem humana e quotidiana, a iniciativa procura sensibilizar para o papel da ferritina como um sinal de alerta precoce perante um desequilíbrio de ferro, inspirando as pessoas a agir de forma preventiva através de exames regulares e de uma deteção precoce, para proteger a sua saúde e a sua qualidade de vida a longo prazo.

“A CSL está profundamente empenhada em melhorar a vida das pessoas afetadas pela deficiência de ferro, tanto através da educação como do desenvolvimento de soluções que contribuam para melhorar a sua qualidade de vida”, afirmou António Charrua, diretor-geral da CSL Vifor Ibéria. “Por isso, é fundamental apoiar campanhas como A Minha Vizinha Ferritina, que promovem a consciencialização e capacitam as pessoas para tomarem medidas proativas em prol da sua saúde.”.

Sobre a deficiência de ferro e a ferritina

O ferro desempenha um papel fundamental em diversos processos do organismo, nomeadamente na produção de glóbulos vermelhos, no correto funcionamento do coração e do cérebro, e na prevenção de infeções e doenças. Sem uma quantidade suficiente de ferro, o corpo não consegue funcionar adequadamente. Entre os sintomas mais comuns incluem-se o cansaço, a tontura e a falta de ar. Estima-se que a deficiência de ferro e a anemia por deficiência de ferro afetem uma em cada três pessoas em todo o mundo[iv], e, apesar das suas graves consequências e elevada prevalência[v], continua a ser uma condição pouco reconhecida.

Os efeitos da deficiência de ferro variam de pessoa para pessoa, mas podem estar associados a um deterioramento geral da saúde e do bem-estar[vi]. Mesmo sem anemia, a deficiência de ferro pode ser debilitante, agravar doenças crónicas pré-existentes e provocar um aumento da morbilidade e da mortalidade6. Entre os sintomas mais frequentes encontram-se a fadiga6,[vii] a palidez cutânea7, as unhas frágeis7,[viii], o desejo de consumir substâncias não alimentares, como terra, argila ou gelo[ix], e a dificuldade de concentração6, [x]. Nas crianças, a deficiência de ferro pode afetar de forma significativa o desenvolvimento cognitivo e motor[xi].

Em condições normais, os valores de ferritina no sangue situam-se entre 24 e 336 microgramas por litro nos homens e entre 11 e 307 microgramas por litro nas mulheres[xii]. Manter estes níveis dentro do intervalo adequado é essencial para garantir um metabolismo saudável e evitar distúrbios relacionados com o ferro.

Realizar uma análise de ferritina no sangue é uma ferramenta essencial para avaliar o estado do ferro e detetar atempadamente qualquer desequilíbrio. Consultar o médico perante sintomas de fraqueza persistente, tonturas, dificuldade em respirar ou alterações no ritmo cardíaco pode ser decisivo para prevenir complicações e manter uma boa saúde geral13.

Se não for tratada, a deficiência de ferro pode evoluir até se tornar uma anemia por deficiência de ferro. Diversas organizações, entre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS), a UNICEF e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), apelaram à criação de um quadro abrangente de monitorização da anemia. Pode encontrar mais informações sobre a carga mundial da anemia no relatório publicado na revista The Lancet em julho de 2023: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37536353/. .

[i] Kotla, N. K., Dutta, P., Parimi, S., & Das, N. K. (2022). The Role of Ferritin in Health and Disease: Recent Advances and Understandings. Metabolites.

[ii] MedlinePlus. (2025). Ferritin blood test.

[iii] Fonseca C, Marques F, Robalo Nunes A, Belo A, Brilhante D, Cortez J. Prevalence of anaemia and iron deficiency in Portugal: The EMPIRE Study. Intern Med J. 2016;46:470-8.2.

[iv] Peyrin-Biroulet L, et al. Guidelines on the diagnosis and treatment of iron deficiency across indications: a systematic review. Am J Clin Nutr. 2015;102(6):1585-94

[v] World Health Organization. Worldwide prevalence of anaemia 1993-2005. 2008. Available at URL: https://www.who.int/publications/i/item/9789241596657. Last accessed: October 2025.

[vi] Fernando B, et al. A guide to diagnosis of iron deficiency and iron deficiency anemia in digestive diseases. World J Gastroenterol. 2009 Oct 7; 15(37): 4638-4643

[vii] Auerbach M, Adamson JW. How we diagnose and treat iron deficiency anemia. Am J Hematol. 2016;91(1):31-38.

[viii] Cashman MW, Sloan SB. Nutrition and nail disease. Clin Dermatol. 2010;28(4):420-5.

[ix] Barton JC, et al. Pica associated with iron deficiency or depletion: clinical and laboratory correlates in 262 non-pregnant adult outpatients. BMC Blood Disord. 2010;10:9. doi:10.1186/1471-2326-10-9.

[x] Patterson A et al. Iron deficiency, general health and fatigue: Results from the Australian Longitudinal Study on Women’s Health. Qual Life Res. 2000;9:491-497.

[xi] World Health Organization. Nutritional anaemias: tools for effective prevention and control. 2017. Available at URL: http://www.who.int/nutrition/publications/micronutrients/anaemias-tools-prevention-control/en/. Last accessed: October 2025.

[xii] Mayo Clinic. (2023). Ferritin test.