“64% dos beneficiários abem encontram-se em idade ativa (…) e 12% são crianças” 665

Está de volta a Campanha solidária ‘Dê Troco a Quem Precisa’. A 13.ª edição desta iniciativa arranca hoje e decorre até dia 6 de junho, em mais de 500 farmácias aderentes em todo o país.

No âmbito da campanha, todos os cidadãos são convidados a doar o troco das suas compras na farmácia ao Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, da Associação Dignitude. Os donativos irão ajudar famílias em situação de pobreza a acederem aos medicamentos de que precisam.

Em entrevista ao NETFARMA, Maria João Toscano, Diretora Executiva da Associação Dignitude, explica que o  impacto do Programa abem: vai muito além da atuação direta nos beneficiários. Deste modo, um dos impactos ao nível do Serviço Nacional de Saúde (SNS) são “os custos potencialmente evitados”, que “sendo possível estimar que, apenas em episódios de urgência e internamentos evitados pelo cumprimento das terapêuticas proporcionado pelo Programa abem:, foram poupados mais de 29 milhões de euros ao SNS entre maio de 2016 e dezembro de 2023”.

  • Esta é já a 13.ª edição da campanha ‘Dê Troco a Quem Precisa’. O que destacaria de mais significativo nesta edição?

A Campanha Dê Troco a Quem Precisa é uma campanha de angariação de fundos com o objetivo de apoiar quem mais precisa no acesso aos Medicamentos Comparticipados que lhe são prescritos. É o momento em que cada um de nós, através de um simples donativo podemos mudar a vida daqueles que todos os dias têm de fazer escolhas difíceis, como seja a compra de alimentos para colocarem na mesa da sua família ou comprarem os medicamentos de que precisam para controlar a sua doença. Quem quiser contribuir, basta doar o troco das suas compras, ou o valor que entender, numa farmácia aderente. Além deste contributo nas farmácias, pode ainda consultar o site www.abem.pt e utilizar uma das formas indicadas para efetuar o donativo.

  • Quais são as metas para este ano em termos de doações ou novos beneficiários?

A meta é sempre conseguirmos o maior volume de donativos para podermos ajudar cada vez mais beneficiários. Desde 2016, já apoiámos mais de 40 mil pessoas e é muito importante que o movimento seja crescente e que possamos chegar ao maior número de pessoas. E isso só é possível com a mobilização de toda a sociedade.

 

  • Mais de 500 farmácias aderiram à campanha. Que papel têm tido as farmácias comunitárias no sucesso do Programa abem:?

As farmácias são elementos essenciais ao Programa abem: Rede Solidária do Medicamento. Fazem parte de uma rede colaborativa de entidades que, em proximidade, assumem a responsabilidade de dar acesso ao medicamento aos beneficiários deste projeto sendo doadoras regulares do Fundo Solidário abem:. Este é um fundo autónomo e auditado, onde são colocados todos os donativos feitos ao Programa abem: e 100% destes donativos são utilizados para comparticipar os medicamentos aos nossos beneficiários.

 

  • O que pode motivar mais farmácias a aderir e promover ativamente esta campanha?

As farmácias estão entre os principais parceiros do Programa abem: e todos os anos temos uma grande adesão às nossas campanhas. Esta é uma oportunidade de reforçarem o seu papel social e comunitário junto de quem mais precisa, promovendo confiança e fidelização, além de envolver a equipa em ações solidárias, aumentando o espírito de missão e motivação.

  • Desde o início, o Programa abem: já apoiou mais de 40 mil pessoas e dispensou mais de três milhões de embalagens. O que representam estes números na prática?

Estes números representam pessoas que, através do Programa abem: têm acesso aos medicamentos para controlar ou tratar a sua doença. Conseguimos impactar diretamente as pessoas, nomeadamente na melhoria da sua condição de saúde pelo cumprimento da terapêutica (a percentagem de beneficiários que não adquiriam regularmente os medicamentos prescritos caiu de 61% para 5% após obterem o cartão abem:). Também sabemos que melhora a qualidade de vida, ao evitar o corte noutras despesas essenciais (a percentagem de beneficiários que consideravam a sua qualidade de vida má ou muito má diminui de 50% para 7% após receberem o cartão abem:. De sublinhar ainda que a acessibilidade aos medicamentos é um fator essencial para o aumento do sentimento de inclusão dos beneficiários (53% dos beneficiários destacam o tratamento digno: 11.791 consideram este um dos aspetos mais importantes associados ao cartão).

Contudo, o impacto do Programa abem: vai muito além da atuação direta nos beneficiários. Menciono apenas um dos impactos externo e indireto do Programa no Serviço Nacional de Saúde: os custos potencialmente evitados assumem uma importância muito significativa, sendo possível estimar que, apenas em episódios de urgência e internamentos evitados pelo cumprimento das terapêuticas proporcionado pelo Programa abem:, foram poupados mais de 29 milhões de euros ao SNS entre maio de 2016 e dezembro de 2023.

 

  • Têm sentido uma evolução no perfil das pessoas que recorrem ao programa?

A saúde em Portugal apresenta disparidades significativas, tanto sociais quanto territoriais. As diferenças entre pobres e não pobres manifestam-se de forma crítica no acesso aos serviços de saúde e nas condições de vida. As pessoas em situação de pobreza enfrentam maiores dificuldades no acesso a cuidados de saúde adequados, perpetuando um ciclo de dificuldades que impacta negativamente a sua qualidade de vida. O Programa abem: atua em ambas as dimensões de disparidades, promovendo a equidade no acesso à saúde.

Atualmente, 64% dos beneficiários abem: encontram-se em idade ativa (dos 18 aos 64 anos) e 12% são crianças (até aos 17 anos).

 

  • Que planos têm para o futuro do Programa abem:?

O Programa abem: tem um âmbito nacional, está já presente em 172 concelhos de todo o país e conta com 195 entidades referenciadoras. Todos os anos, o grande objetivo é chegar a cada vez mais concelhos para que o apoio que prestamos se torne ainda mais transversal e chegue a todas as famílias vulneráveis.